A dissertação de mestrado da médica Jene Greyce Souza de Oliveira, 34 anos, lotada na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), tem um grande diferencial de outros trabalhos científicos do gênero. Ela apontou um erro primário no diagnóstico, feito pela rede pública de saúde do Estado, da leishmaniose em mucosa. Segundo Greyce, vários erros de avaliação dos pacientes têm levado o Sistema Único de Saúde (SUS) a catalogar como portadores da doença simples vítimas de infecções, irritações de garganta e até câncer. O documento ‘Avaliação da Utilidade Clínica da Reação em Cadeia Polimerase no Diagnóstico da Leishmaniose Mucosa no Estado do Acre’, pesquisada com amostra de 41 mucosas coletadas entre 1999 e 2002, foi apresentado no auditório da Fundhacre, por meio do convênio entre o Governo do Estado e a Universidade Federal da Bahia (AFB) para o curso de Pós-Graduação em Medicina e Saúde. O evento contou ainda com a participação dos médicos Cyrlei Maria de Oliveira Lobato, José Amsterdam de Miranda Sandres Sobrinho, José Joaquim da Costa Carvalho Júnior, Maria das Graças Alves Pereira e Rodrigo Pinheiro Silveira como mestres em Medicina e Saúde, pelo mesmo convênio. O achado revolucionário sobre a Leishmaniose no Acre pode levar o setor público a incluir otorrinolaringologistas nas equipes de saúde pública que tratam a doença. A Leishmaniose, conhecida popularmente como ‘ferida brava’, é transmitida por um único protozoário, a leishmania, que usa como hospedeiros mais de 250 espécies de mosquitos. Décadas depois da ferida sarada, o protozoário pode reviver e causar a chamada leishmaniose de mucosa, corroendo a área da boca e nariz, caso não seja tratada a tempo. Esta variante é que vem sendo erradamente diagnosticada, de acordo com Greyce.
Médica encontra erro na análise de casos de leishmaniose
08/09/2004 | 03:00