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Conselho Federal de Medicina

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BOA NOITE A TODOS! Agradeço à minha família, pela compreensão em relação as minhas ausências, às desatenções e à falta de tempo, solicitações que nunca deveriam ser pedidas àqueles que precisam de atenção. E em nome dos meus colegas, também peço desculpas às suas famílias pelos mesmos motivos. Além disso, quero dispensar um agradecimento especial às famílias dos conselheiros e dirigentes das entidades médicas, que comparecem ao nosso encontro, pois mais uma vez, estão distantes de seus lares em nome da medicina. Senhor representante do Governo do Estado do Paraná: Muito obrigado por sua presença. Em nome do Paraná, o senhor recebe e dá boas vindas a todos os médicos presentes. Senhor Prefeito Cassio Taniguchi: Permita-me transformá-lo neste momento, em anfitrião desta cerimônia. Sua presença entre nós significa oferecer a chave da cidade a todos os médicos: gaúchos, catarinenses, paulistas, fluminenses, capixabas e mineiros, que em conjunto com os paranaenses, são os patrocinadores deste evento. Também recebemos, com igual satisfação, os demais participantes provenientes de todos os Estados brasileiros. Senhor Prefeito: sem qualquer modéstia, quero dizer que este novo espaço do CRM-PR é belo, arrojado, inovador, ousado, modelo de referência, e concebido para ser instrumento de integração com a sociedade, o que o torna muito parecido com os projetos de Curitiba, que o senhor ajudou a projetar. O nosso auditório servirá, não apenas para as atividades científicas de assuntos médicos, mas como um novo espaço para eventos culturais e artísticos, que hora ofertamos a Curitiba. Será possível descobrir novos talentos e aproximar a classe médica da comunidade paranaense. Dr. Edson Oliveira Andrade – Presidente do Conselho Federal de Medicina: agradeço a significativa contribuição financeira para esta casa do médico e da ética, que foi construída com o esforço de todos os Conselheiros, com a dedicação das diversas Diretorias e por todos os Médicos paranaenses. E mais que isso; agradeço pelo apoio e pela sensibilidade com relação a todos os projetos do Paraná, assim como de outros Conselhos Regionais, revelando-se em uma verdadeira estadualização do CFM. Muito brigado pela amizade. Dr. Eleuses Vieira de Paiva – Presidente da Associação Médica Brasileira: se a nossa afinidade deveu-se ao fato de sermos “quase” conterrâneos, ela fortaleceu-se em razão dos propósitos e pela temperança na condução dos assuntos divergentes e plurais entre os médicos. Dr. Heder Murari Borba e Dr. Ricardo A. de Paiva – Presidentes da Área Sindical: cumprimento-os, simultaneamente, em nome da manutenção da união e harmonia entre os sindicatos. Edson, Eleuses, Heder e Ricardo – Nossas principais lideranças: vocês souberam captar os anseios e as expectativas dos médicos brasileiros e devem ser os timoneiros dessa vontade, para conduzir-nos a uma união de fato das nossas entidades. Dr. Ferrari e Dr. Cláudio – Representantes locais do Sindicato e da Associação Medica: temos o compromisso de trabalhar unidos e congregar outras instituições médicas para o fortalecimento dos nossos projetos. Senhoras e senhores: Conheço bem a expectativa com relação às dificuldades que enfrenta a classe médica; o desprestigio, as ameaças, as responsabilidades indevidas, a sobrecarga de trabalho, enfim, a série interminável de agravos que interfere em nossa capacidade de lidar com a comunidade. Mas, neste momento, permitam-me poupá-los de toda essa problemática que foi tema do encontro, motivo de discussão e debates que realizamos hoje, no período da manhã e da tarde, ao discutir e encaminhar propostas sobre a questão da remuneração no setor público e privado, outras melhorias para a classe médica, além de benefícios para a sociedade, porém sem qualquer concurso ao corporativismo estreito. Convido quem não pôde estar presente hoje, a comparecer amanhã para atualizar-se, aprender, contribuir com idéias e propostas para a melhor condução na legalização do ato médico. O Médico e os demais profissionais da saúde, devem atuar dentro dos ditames da lei e compartilhar ações sempre em favor do paciente. Outro assunto de destaque são escolas médicas: é oportuno registrar publicamente que as entidades médicas não são contra a abertura de novas escolas. Somos contrários, sim, à abertura indiscriminada, sem qualidade, sem infra-estrutura, sem hospitais universitários, sem pós-graduações, sem professores com experiência e formação para o ensino e sem qualquer compromisso de educadores. Esse tema – escolas médicas – é tão importante, que levou o governador Roberto Requião a convidar os reitores das universidades estaduais do Paraná e os diretores dos hospitais universitários públicos, para uma discussão sobre esse assunto e confirmou sua presença no evento; pois é responsabilidade do Estado oferecer condições indispensáveis para a formação de profissionais com qualidade técnica e humanitária. Outro tema de interesse geral é o Plano de carreira, cargos e salários, uma vez que sem esse plano dificilmente será possível a presença de um médico no interior ou em regiões mais remotas do país. Devemos incentivar o Programa de Saúde da Família, corrigir algumas de suas distorções e lutar para evitar o desfinanciamento, assim como a participação de profissionais sem o perfil e a vocação que o programa exige. No final de maio, em Brasília, durante o ENEM, examinaremos todas as propostas e argumentos que servirão de base para melhorar o acesso da população à saúde, e melhorar as condições de trabalho e a satisfação dos Médicos. Também exigiremos das autoridades e dos gestores públicos, que disponibilizem mais recursos para incrementar os indicadores de desenvolvimento humano (I.D.H.), pois saúde não é apenas ausência de doença. Contudo, hoje é dia de festa. Enquanto falo, não é possível disfarçar o tremor das minhas mãos, nem o brilho de uma lágrima. A voz embargada e a boca seca revelam minha ansiedade que explode em grande emoção. Se é uma situação que angustia e amedronta, também é uma sensação prazerosa. E convido a todos para experimentar esse sentimento. Busco um momento de maior inspiração, para discorrer um pouco sobre a história da medicina. Quando Apolo salvou seu filho, Asclépio, do ventre da sua mãe Coronis, designou o centauro Quiron, para educá-lo. Muito jovem, Asclépio aprendeu a arte de curar e tinha muita habilidade para salvar vidas, chegando até a ressuscitar os mortos. Despertou a ira e inveja de Hades, deus da morte, que solicitou a Zeus o fim do então humano Asclépio, que era considerado divino pelos seus poderes de cura. Zeus, então, fulmina Asclépio com seus raios, aceitando os argumentos de Hades, pois se ele continuasse a ressuscitar os mortos, não haveria diferença entre os deuses e os mortais. Apenas os deuses tinham os poderes de cura ou de provocar doenças. Apolo, ao saber da morte de seu filho, toma Asclépio em seus braços e o conduz ao Olimpo, passando a representá-lo no firmamento pela constelação de Ophiuchus, que quer dizer aquele que traz a serpente. A cobra, pela troca da pele, representa a cura e a juventude. É símbolo da medicina, por que representa a prudência, sabedoria e bom senso. Esta constelação está representada no centro do nosso edifício. Não é apenas um móbile ou um enfeite. Traz claridade, luz e o brilho da constelação. Assim, buscamos resgatar a história da medicina e dos seus deuses. Trata-se da integração do místico com o científico, na relação do universo com a terra. A constelação também está refletida no piso por meio de um mosaico, representando nosso planeta azul integrado ao universo. Ela significa os médicos na arte de curar e a harmonia entre o céu e a terra. O mais importante não é chegar ao céu, mas fazer com que as nossas atitudes e atividades realizem um céu sobre a terra. Asclépio, antes de morrer teve duas filhas: Higea e Panacéa; e dois filhos: Polidário e Macaon, que realizavam curas nos templos. Eram médicos sacerdotes. Ministravam muitos rituais, oferendas, banhos e sacrifícios. Os seguidores de Asclépio vão transformando as “receitas” contemplativas por ações dos deuses em atividades científicas, passando dos templos para as escolas médicas. A mais importante escola médica grega, surgiu na ilha de Cos, há 400 anos a.C. Ali surge a figura de Hipocrates, pai da medicina científica e considerado como a 20ª geração descendente de Asclépio. Além de médico, filósofo e humanista ele cria o juramento da profissão, relembrando os deuses da medicina ao dizer: Eu juro por Apolo Médico, Asclépio, Higea e Panacea. Dessa maneira, Hipocrates estabeleceu um vínculo com as fontes mitológicas e com os deuses. Conseguiu descrever com riqueza de detalhes, há 2.400 anos, o fácies hipocrático e os dedos hipocráticos. Tão bem descritos, que permanecem até hoje em situação atemporal. Hipocrates, ao fazer o vínculo com os deuses e tomá-los como testemunho no seu juramento, antecipou em séculos a interface entre o científico e a fé. Muitos trabalhos confiáveis, realizados com rigor científico, foram publicados em revistas idôneas, comprovando a relação da medicina com a fé. Os trabalhos de Hipocrates descreviam a importância da experiência e da persistente observação, na ordem das coisas na natureza. Outro ensinamento de Hipocrates era em relação a THEKNE (técnica) que é a pratica, a atuação, a interferência para mudar a seqüência dos fatos. Por fim, a Episteme, que é o conhecimento abstrato, uma ordem superior das coisas. Hipócrates a ensinava para aceitarmos o imponderável. É pouco inteligente crer apenas no que vê ou se consegue provar. Muitas coisas acontecem, muitas curas ocorrem, sem explicação ou comprovação. Há 2.400 anos ele relacionou Ciência e Fé. Hoje essa relação está comprovada. Para finalizar, gostaria de relembrar que entre todos os horrores da guerra, uma imagem tornou-se muito marcante: a do menino iraquiano Ali Ismael Abbas, que disse: “Agora eu gostaria de ser médico, mas como poderei ser se não tenho braços?” Mutilado e com todo seu sofrimento, seria mais provável que lhe aflorasse o sentimento de ódio e de vingança, mas a sua vontade não foi a de conseguir uma bomba para se vingar do mandante desta guerra; a sua arma foi a solidariedade, ao manifestar o desejo de ser médico. A sua intenção primeira, foi de ajudar ao próximo. Como médico, poderia atender, aliviar o sofrimento, salvar vidas como atos de compaixão. Grande lição para todos nós. Excelente aprendizado reflexivo. Palavras simples, puras, expontâneas e sem intenções ocultas. Palavras muito ricas, carregadas de verdade como de todas as crianças. Um alerta mundial para pedir urbanidade, temperança, respeito à autonomia, às diferentes crenças. Aquele menino tem um desejo, um sonho que nós já conseguimos realizar, pois somos médicos. Basta ser solidários, consolar, cuidar, confortar sempre, principalmente, quando o físico está irremediavelmente comprometido, devemos oferecer toda a ajuda espiritual. Essa é a missão da medicina. Hoje, gostaria que as minhas palavras e os nossos sentimentos se transformem em uma oração para esse menino e pela paz entre os homens. MUITO OBRIGADO A TODOS! Por Luiz Sallim Emed, presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná.

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