As incertezas que cercam a prevenção de doenças negligenciadas, o aumento de casos de endemias como a sífilis congênita, malária, febre amarela, sarampo, o descontrole da malária e a manutenção de casos de tuberculose entre outros pontos foram alguns dos assuntos apresentados pelo médico sanitarista Cláudio Maierovitch Pessanha Henriques. Ele apresentou a conferência Doenças negligenciadas no País, nesta quinta-feira (13), segundo dia do II Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina de 2018, realizado na sede do CFM, em Brasília (DF).
A palestra foi apresentada no evento pelo conselheiro federal pelo estado do Amazonas, Ademar Carlos Augusto. Sobre o tema, o representante da Região Norte destacou: “o mais preocupante é o recrudescimento e o reaparecimento das doenças infectocontagiosas. Na prática, significa dizer que nós não temos uma política adequada para o sistema público”.
Também membro da Comissão de Integração de Médicos de Fronteira, Ademar Augusto ressaltou: “essa política não passa especificamente apenas pela saúde. Ela passa pela educação e também pelo saneamento básico”, apontou.
Populações mais frágeis e menos resilientes – Durante a apresentação, o palestrante Pessanha Henriques, também ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, analisou o cenário atual das doenças negligenciadas e o significado sanitário de fatores como a aceleração das mudanças climáticas e a invasão de ecossistemas silvestres pelo homem. “Vivemos em um país em transição demográfica e que continua sendo um dos campeões de desigualdades no mundo, com diferenças de condições entre as regiões e populações mais frágeis, por conta das diferenças socioeconômicas e populações com menor capacidade de resistência a doenças”, analisou Pessanha Henriques, ao analisar a prevalente ocorrência de doenças consideradas perpetuadoras de pobreza.
Na conferência, o médico lembrou o conceito de doenças negligenciadas: “aquelas para as quais não se desenvolvem tecnologias para diagnóstico, tratamento e cuidado, por darem pouco retorno”, mas o médico considera que “essa definição ainda é um pouco estreita. Basta olhar para quem sofre com essas doenças. Observamos que na verdade as populações é que são negligenciadas”, apontou Cláudio Maierovitch.
A conferência foi encerrada com uma série de informações que o especialista considera ser de fundamental conhecimento sobre o tema e adoção de condutas pelos médicos como a suspeição das doenças transmissíveis e que uma pessoa com sarampo pode infectar diretamente outras 8 a 12 e que os benefícios das vacinas superam enormemente os riscos.