A crise da saúde nos hospitais públicos do Estado chegou às unidades gerenciadas pela Prefeitura do Recife (PCR). Há três dias, os pacientes que tentam ser atendidos no Centro Ermírio de Moraes, em Casa Forte, estão sofrendo com a falta de material hospitalar, medicamentos e médicos. A unidade, referência no atendimento de oftalmologia, diabetes, hipertensão e cardiologia, segundo os pacientes, não tem vagas para atendê-los ainda este ano. Por isso, exames e consultas estão sendo agendados apenas para 2005. O Centro, que realiza em média 500 atendimentos diariamente, desde quarta-feira não tem agendado as consultas. Ontem, um problema no sistema de marcação inviabilizou o serviço durante parte da manhã. Quando o erro foi corrigido, no entanto, outras reclamações surgiram. A dona de casa Luciara da Silva foi à unidade marcar uma consulta cardiológica para a sua tia Florinda da Silva, 78 anos. Só conseguiu senha para junho do próximo ano. O mesmo drama foi vivido por Jacione Cavalcanti. A avó dela tem 91 anos e reside em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata. “Os hospitais grandes, como o Getúlio Vargas, não têm médico. Aqui, as consultas e exames são marcados para três meses depois. É assim que cuidam dos idosos?”, questionou, apresentando uma guia médica, solicitando retorno para janeiro de 2005. Os pacientes diabéticos que recebem insulina na unidade foram orientados a levar seringas. “Quem não pode comprar, volta para casa sem a medicação. Meu marido, além de diabético é hipertenso. Somente hoje conseguimos pegar um remédio, prescrito em junho, que estava em falta na farmácia”, afirma a doméstica Ângela Rêgo. Essa medicação, o Citalor, custa R$ 162. A gerente do distrito sanitário 3, Paulete Cavalcanti, afirma que parte dos problemas tem sido causada pela instalação de um novo sistema de informática na unidade. “Com isso, poderemos ter um melhor monitoramento da farmácia e agilizar a marcação de consultas, mas nessa fase inicial ele apresentou alguns problemas que estão sendo corrigidos”, afirma. A diretora do Centro, Márcia Azevedo, esclareceu que existem vagas para consultas ainda este ano, mas de acordo com o Consenso Nacional de Diabetes e Hipertensão, os pacientes atendidos pela unidade são crônicos e precisam retornar aos médicos das especialidades de endocrinologia e cardiologia somente a cada três ou quatro meses. “Todas essas reclamações não têm fundamento. Desde o início de outubro, estamos utilizando o novo sistema e deixando pré-agendadas para 2005 todas as consultas dessas pessoas”, afirma Apesar de confirmar a falta de seringas na unidade, a diretora afirma que não existem problemas no estoque da farmácia. “Eventualmente, faltam um ou dois itens do programa de diabetes e hipertensão. Quando isso acontece, logo providenciamos a reposição”, diz. Da Assessoria de Imprensa do Cremepe. Com informações do Jornal do Commercio.
Hospital gerenciado pela Prefeitura do Recife está sem médicos e remédios
22/10/2004 | 03:00