CRM VIRTUAL

Conselho Federal de Medicina

Acesse agora
Em 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, médicos de todo o Brasil interromperam o atendimento eletivo aos planos de saúde. O protesto, organizado pelas entidades nacionais Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam), é uma reação da classe médica e demais profissionais contra a política dos planos de saúde, que paga honorários irrisórios e interfere na autonomia, conforme constataram as recentes pesquisas APM/DataFolha, ao mesmo tempo em que cobra valores cada vez maiores dos usuários.
 
Em São Paulo, o movimento foi organizado pela Associação Paulista de Medicina (APM), ao lado do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e Academia de Medicina de São Paulo. Além disso, recebeu apoio de inúmeras Sociedades de Especialidade e outras entidades como Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SINDHOSP), Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP), Ordem dos Advogados do Brasil – São Paulo (OAB-SP), Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Conselho Regional de Odontologia (Crosp) e Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), Associação dos Usuários dos Planos de Saúde do Estado de São Paulo (Aussesp) e Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito).
 
Para marcar a data, foram feitos inúmeros protestos e manifestações. Na capital paulista, cerca de mil médicos saíram da sede da APM e marcharam em direção à Praça da Sé. Ao som de palavras de ordem e um ensurdecedor apitaço, os médicos, muitos usando nariz de palhaço, chamaram a atenção da população local, que parou para ouvir a mensagem.
 
Além deles, participaram da passeata alguns atores com jalecos esfarrapados. O objetivo era demonstrar como o poder aquisitivo dos profissionais de medicina caiu nos últimos anos, devido, em boa parte, à defasagem aviltante dos honorários.
 
Entretanto, mais do que reivindicação econômica, a manifestação teve o intuito de mostrar às pessoas a relação intolerável dos médicos com os planos de saúde. “Chegamos a uma situação inviável. Precisamos encontrar soluções para o grave problema que a classe médica enfrenta. É necessário conscientizar a população e, para isso, a manifestação foi um sucesso. Acredito hoje que a sociedade tem mais claro o que se passa entre o médico e os planos”, afirma o 1º vice-presidente da APM e tesoureiro da AMB, Florisval Meinão.
 
O sucesso da manifestação também entusiasmou o presidente da APM, Jorge Carlos Machado Curi, que se mostrou bastante satisfeito com o resultado. “Já participei de várias mobilizações, mas nunca de uma como essa. Todo o movimento médico está muito coeso e sintonizado sobre a importância da mudança dessa grave situação. Esperamos que os avanços ocorram rapidamente a partir de agora”, afirma.
 
 
Um dos diferenciais da manifestação foi exatamente a adesão dos médicos, tanto dos que participaram do ato público quanto dos milhares que decidiram transferir seus procedimentos e consultas eletivas para outras datas em protesto. Residentes e até mesmo estudantes, que ainda não sofrem com os baixos honorários, marcaram presença na passeata.
 
“O período estudantil dura seis anos. Depois, seremos médicos para o resto de nossas vidas. Quanto mais participarmos do movimento, mais importante ele será e mais unidos estaremos”, afirma o presidente do Comitê de Acadêmicos da APM, Flávio Taniguchi, representando a ala mais jovem dos manifestantes.
 
Segundo o diretor de Defesa Profissional da APM, Tomás Patrício Smith-Howard, a união de tantos profissionais foi emblemática. “Sempre fomos tidos como uma classe desunida, mas hoje provamos o contrário. Estamos cansados do desrespeito à nossa dignidade, que nos trouxe ao fundo do poço”, diz.
 
Para o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior, o dia 7 de abril foi somente o início da movimentação dos médicos para exigir mais respeito das operadoras dos planos de saúde. As entidades esperam que, após a paralisação, as empresas de planos de saúde se tornem mais flexíveis à negociação. Caso isso não aconteça, a manifestação vai continuar ao longo do ano e, se for necessário, pode apontar para paralisação do atendimento por tempo indeterminado.
 
Outra crítica das lideranças médicas é que o órgão governamental que deveria fiscalizar essa relação entre médicos e operadoras, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), não tem se mostrado capaz de cumprir sua função, já que nem mesmo a cláusula de reajuste anual obrigatório, que deveria estar expressa em todos os contratos, é cumprida.
 
Segundo o deputado federal e ex-presidente da APM e da AMB, Eleuses Paiva, um agravante é que ex-diretores de planos de saúde estejam dirigindo a ANS. Entretanto, após inúmeras denúncias, o assunto está sendo discutido na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.
 
“Essa é uma situação conflitante. É difícil entender como o governo tenta amarrar cachorro com linguiça, mas o assunto está sendo discutido. Temos uma audiência pública no Congresso no final do mês para ver o que há de irregularidade e, dependendo do que ocorrer, vamos fazer um pedido de CPI na Câmara”, diz Paiva, acrescentando que esse tipo de manifestação dá força para quem está trabalhando o assunto no Parlamento.
 
 
Fonte: APM
 
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.