Presente à solenidade de abertura da programação comemorativa dos 80 anos de fundação do Conselho Federal de Medicina (CFM), na sede da autarquia, em Brasília, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, defendeu a importância da aprovação da Lei do Ato Médico no Congresso Nacional, em 2013, a votação célere do projeto de lei que cria o Exame Nacional de Proficiência em Medicina, criticou a abertura indiscriminada de escolas médicas no País nos últimos anos e pediu aos médicos que se articulem para aumentar sua representatividade no Legislativo.
“Não podemos abrir mão dessa luta (do exame de proficiência). É a pauta mais relevante no momento. Tem que ser votada o mais rápido possível para chegarmos aos 81 anos do CFM e ver isso avançado a fim de minimizar as consequências nefastas da proliferação de médicos sem a qualificação mínima exigida para o exercício da medicina. Essa pauta enfrenta um lobby muito forte e é muito importante a participação da classe”, declarou.
Caiado disse que, com essa pulverização acelerada, ele nunca sabe ao certo quantas faculdades de medicina existem, de fato, no Brasil. “Não sei se são 400, 420, 450… eu falo mais de 400, que não erro. Acho que não tem no mundo nada igual ao Brasil em termos de quantidade. Tenho trabalhado muito junto ao Conselho do Ministério da Educação para termos regras mais rígidas para que uma faculdade possa continuar na sua atividade de formação dos médicos”, declarou.
Ele falou que é o governador mais odiado das faculdades de medicina do Brasil e explicou o porquê. Disse que, no começo do seu primeiro mandato à frente do Poder Executivo em Goiás, os empresários do setor marcavam audiência com ele para tratar de abertura de novas unidades de ensino e se frustravam.
“Eles chegavam para mim e diziam ‘olha, nós vamos instalar uma faculdade de medicina em tal lugar do estado’. Aí eu falava: tudo bem. Mas antes eu perguntava para ele qual era a planta do hospital que seria construída para fazer a formação e a qualificação dos médicos; pedia para ele me dizer quantos médicos com mestrado e doutorado teriam e qual seria realmente o número de aulas presencial, porque não aceito aulas de medicina a distância. Em cinco minutos, a audiência acabava. Essa é uma realidade. Não se pode confundir a medicina com um processo de mercantilização”, afirmou.
O governador de Goiás lamentou que muitas famílias estão vendendo o que tem e fazendo empréstimos até do que não têm para poder pagar a faculdade de medicina dos filhos. “Se a faculdade tem cursos de outras áreas, ela vale R$ 1 milhão. Se ela tem um curso de medicina, vale R$ 10 milhões. Passou a ser assunto não de ciência e não de profissão e sim uma das maneiras mais fáceis de se enriquecer ilicitamente. E o aluno ali não tem a menor capacidade de poder se queixar daquilo. E a família acha que seu filho vai se formar em medicina e se tornar médico”, contou.