ROMA – A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) divulgou, nesta quarta-feira (08/12), que 5 milhões de crianças morrem no mundo todo a cada ano devido à fome, que também causa grandes perdas econômicas. A FAO, agência da ONU com sede em Roma, apresemtou hoje seu relatório anual sobre o estado da alimentação no mundo, no qual assegurou que a fome crônica afeta 852 milhões de pessoas. “A fome e a má nutrição causam um enorme sofrimento às pessoas, a morte de mais de 5 milhões de crianças ao ano e com isso os países em desenvolvimento gastam milhões de dólares devido à perda de produtividade e de arrecadação nacionais”, afirma o documento. A cada ano, mais de 20 milhões de crianças nascem abaixo do peso e correm mais perigo de morrer durante a infância. As que sobrevivem, freqüentemente têm incapacidades físicas e mentais durante toda a vida. “É lamentável a falta de esforços necessários para lutar contra a fome. Os recursos necessários para evitar com eficácia essa tragédia humana e econômica são minúsculos em comparação com os benefícios de investi-los nessa causa”, aponta o relatório. Segundo a FAO, se não fosse necessário pagar os custos diretos dos danos produzidos pela fome, haveria mais recursos para lutar contra outros problemas sociais. A FAO estima que esse custo pode ser de US$ 30 bilhões ao ano, pouco mais de um quinto da quantidade comprometida até agora para financiar o Fundo Mundial de Luta contra a Aids, a Tuberculose e a Malária. O documento também chama a atenção para o custo indireto da fome na produtividade e sua incidência na perda de receita. “É uma ironia que os recursos necessários para enfrentar o problema da fome sejam poucos em comparação com os benefícios de investi-los nesta causa. Cada dólar investido na luta contra a fome pode se multiplicar por cinco e até por mais de 20 vezes em benefícios”, diz o texto. Em 2002, o número de famintos no mundo era de 852 milhões, 18 milhões a mais que o registrado em meados dos anos 90. A fome não é só patrimônio dos países pobres, já que há 9 milhões de pessoas sem ter o que comer nos Estados industrializados. Os dados são alarmantes, por isso o objetivo internacional de reduzir à metade o número de famintos no mundo em 2015 é difícil, mas a Organização quer lançar uma mensagem de otimismo e afirma que “ainda é possível alcançar esta meta”. Para isso se apóia em argumentos como a queda na proporção de pessoas subnutridas na África subsaariana de 36% no começo dos anos 90 para 33% dez anos mais tarde. Nesse contexto, a FAO defende intervenções destinadas a melhorar a disponibilidade de alimentos e a renda da população pobre, de modo a reforçar suas atividades produtivas. A instituição recomenda que os países adotem programas em grande escala para promover principalmente a agricultura e o desenvolvimento rural, dos quais dependem os meios de subsistência da maioria das pessoas pobres. O relatório também fala da situação de vários países latino-americanos, que reduziram sua percentagem de famintos pelo menos em 25%. São eles Chile, Costa Rica, Cuba, Equador e Uruguai. Fonte: JB Online – Com informações da Agência EFE
Fome causa a morte de 5 milhões de crianças a cada ano
08/12/2004 | 02:00