A área de saúde conta com um orçamento ainda aquém das suas necessidades, mas precisa melhor empregar os recursos atualmente destinados ao setor. A opinião é do médico Gilson Carvalho, da Universidade de São Paulo (USP), que participou na tarde desta segunda-feira de mesa-redonda que discutiu o financiamento à saúde. A plenária lotada confirmou o interesse de um terço dos delegados que manifestaram ser o financiamento em saúde um dos temas mais prioritários nas discussões da 12ª Conferência Nacional de Saúde, que começou ontem em Brasília. Para Carvalho, que defendeu a integralidade e a universalidade como princípios fundamentais do SUS, é necessário que os setores da sociedade organizada não aceitem a alegação de que a saúde tem muito dinheiro e gasta mal. “Temos que resgatar o discurso da reforma sanitária, que entende que a saúde conta com pouco dinheiro e o gasta mal”, disse Carvalho. O médico da USP relacionou uma série de ações que podem diminuir as despesas de saúde com eficiência no uso de dinheiro público. São elas: combater a corrupção; melhorar o diagnóstico de necessidades de saúde da população e a oferta de serviços no setor; protocolizar procedimentos e rotinizar ações; adequar implantação e manutenção dos serviços de saúde; adequar compra de equipamentos e materiais; rediscutir a relação com o setor privado, discutindo-se pagamentos justos e controles justos; investimento em educação permanente de gestores, profissionais, prestadores de serviços; e investimentos em educação da população quanto ao conceito de corpo, saúde e uso de medicamentos. O combate á corrupção foi especialmente destacado pelo conferencista da USP. “Desviar dinheiro público equivale a matar pessoas, pois os recursos poderiam salvar vidas”. Carvalho também fez críticas ao que considera inadequado encaminhamento do orçamento da saúde. “O dinheiro da saúde deve ser usado apenas em saúde. Não pode pagar inativos, ser empregado em ações de saneamento, em fundos de combate à fome ou à pobreza”, disse. “Temos que combater o social killer, aquele que usa como arma uma caneta de ouro e mata com canetadas muito mais que as maiores epidemias.” FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE
Financiamento da saúde atrai grande interesse na 12ª CNS
09/12/2003 | 02:00