Depois de 15 dias prestando atendimento médico e cirúrgico à população da etnia Sateré Mawé, na região da divisa entre os estados do Amazonas e Pará, às margens do Rio Andirá, os Expedicionários da Saúde encerram mais uma viagem comemorando cerca de 1400 atendimentos e 136 cirurgias realizadas nesta que foi a 15ª Expedição do Grupo. Mas o trabalho ainda não encerrou, pelo menos sem antes cumprir o que prometeram a uma paciente indígena: realizar uma cirurgia de prótese total do joelho, permitindo que a ela volte à sua rotina normal. A cirurgia será realizada nesta segunda-feira, 16 de novembro, a partir das 8h00 no Centro Médico de Campinas. A paciente é a índia Nedina Miquilis Mota, de 68 anos, que há quase duas décadas convive com artrose e hoje tem sérios problemas para locomoção. “Há 18 anos a Nedina anda com dificuldades e sente muitas dores. Ela ficou entusiasmada com a idéia de operar e, inclusive, veio com nossa equipe no avião da Força Aérea Brasileira”, conta o ortopedista Ricardo Affonso Ferreira, um dos idealizadores do Programa Operando na Amazônia dos Expedicionários da Saúde. A técnica, uma das mais usadas hoje na ortopedia, será aplicada sem que haja nenhum custo para a paciente. Nedina, pertencente à etnia Sateré Mawé, já está na cidade de Campinas, interior do estado de São Paulo, onde deve ficar por dois meses para a recuperação, que inclui todo o processo de fisioterapia, que será realizada no Instituto Affonso Ferreira. Esta não foi a primeira vez que os Expedicionários da Saúde trouxeram uma paciente atendida em uma das expedições para fazer um tratamento mais delicado em Campinas. Em 2008, a índia Cecília da Silva Brito, 54 anos, pertencente a tribo dos Cubeu, passou por uma cirurgia de recapeamento do quadril e se recuperou em poucos meses. Criança também estará em Campinas No próximo dia 20, outro convidado especial desembarcará em Campinas para a realização de um sonho. O pequeno índio Silas, de 11 anos, foi convidado nesta última expedição para colocar uma perna mecânica. “Ele foi picado por uma cobra e teve que amputar a perna um pouco acima do joelho. Vamos fazer um trabalho de recuperação e conseguir uma prótese para que ele volte a ter uma vida normal”, conta Ferreira. Ainda, segundo Ricardo, a próxima expedição já está marcada para abril de 2010. “Vamos voltar para a mesma região porque ainda temos muito trabalho a fazer na tribo dos Sateré Mawé”. Sobre os Expedicionários da Saúde A iniciativa da expedição surgiu em 2002, quando um grupo de amigos, formado por médicos e executivos em viagem ao Pico da Neblina (AM), teve a oportunidade de conhecer uma aldeia Yanomami e foram confrontados com uma realidade muito diferente da que viviam. Surgiu então a idéia de usar toda a experiência profissional deles para melhorar a qualidade de vida da população indígena daquela região. E, para isso, buscaram entender a cultura local. Com a ajuda de antropólogos, procuraram as instituições responsáveis pelo atendimento à saúde na região para entender como trabalhavam e assim planejar uma atuação conjunta para somar esforços. Assim, em 2003, foi oficialmente estruturada a Associação Expedicionários da Saúde, grupo tem apoio do Comando Militar da Amazônia, que garante o transporte da equipe desde Manaus até um ponto de apoio em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Uma das grandes dificuldades é o acesso aos locais de atendimento, que tem de ser feito por barcos. Também há uma forte parceria com os DSEIs – Distritos Sanitários Especiais Indígenas , Funasa e Funai , mas todo trabalho só é viabilizado em função de patrocinadores importantes que a cada expedição, contribuem com doações materiais, em serviços e financeiras. Fonte: Sigmapress
Expedicionários da Saúde trazem índia para cirurgia de prótese de joelho
13/11/2009 | 02:00