A criação de um ambiente mais seguro em UTIs passa por uma mudança de cultura e pela adoção de ações como a individualização e humanização do atendimento, o envolvimento dos familiares com a equipe e maior transparência dos hospitais na divulgação de dados para a sociedade. A observação foi feita por Michael Groper, professor de Anestesiologia da Universidade da Califórnia, que participou do 11.º Congresso Paulista de Anestesiologia (COPA) / 48.ª Jornada de Anestesiologia do Sudeste Brasileiro (JASB). “Os pacientes não podem ser tratados como objetos. O respeito a eles e aos familiares é fundamental”, afirmou, durante apresentação no painel que analisou como serão os cuidados com pacientes graves no futuro.
Otimista em relação a uma evolução positiva no atendimento em UTIs nos próximos anos, Grober detalhou algumas das medidas que têm contribuído para a melhoria dos níveis de segurança e do tempo de recuperação dos pacientes. Entre elas estão a adoção de prontuário eletrônico, criação de indicadores de qualidade como, por exemplo, a lavagem das mãos antes e depois do atendimento pelos profissionais das equipes e, até mesmo, a prática de tirar todos os dias os pacientes de UTIs da cama para uma caminhada, ainda que com o auxílio de andadores. “Essa prática, que pode até contar com o apoio de familiares, estimula a recuperação.”
Apesar da maior segurança oferecida pelo prontuário eletrônico, Michael Groper citou estudo mostrando que 50% do tempo dos médicos é agora utilizado no computador. “O médico não pode se tornar um escravo do prontuário eletrônico”, afirmou.
Matthew Weinger, professor de Anestesiologia e diretor do Centro de Pesquisas e Inovação em Sistemas Seguros, analisou as causas de eventos adversos decorrentes de projetos tecnológicos. Um dos exemplos apresentados foi o desenvolvimento de bomba de infusão utilizada em centros cirúrgicos com a disposição do teclado diferente da adotada em aparelhos celulares, algo que pode induzir a erros. Weinger defendeu a necessidade de o anestesista ser envolvido diretamente nas compras dos hospitais para uma análise prévia da funcionalidade dos aparelhos a serem adquiridos.
Também participaram do painel Scott T. Reeves, presidente da Sociedade de Anestesiologistas Cardiovasculares e professor na Universidade da Carolina do Sul, que analisou a influência do design sobre a segurança em centros cirúrgicos, e Ken B. Johnson, professor na Universidade de Utah, que fez uma apresentação sobre anestésicos em desenvolvimento.
Especialistas debatem o uso de anestesia sem opioides em pacientes oncológicos
“A anestesia é um dos fatores que pode contribuir para reduzir a mortalidade em pacientes oncológicos.” A observação foi feita pela Coordenadora do Serviço de Anestesiologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Cláudia Marquez Simões, no 11.º Congresso Paulista de Anestesiologia (COPA) / 48.ª Jornada de Anestesiologia do Sudeste Brasileiro (JASB). Cláudia Simões participou, com outros especialistas, de painel que debateu a evolução da conduta anestésica no tratamento do câncer. Foram discutidos aspectos relacionados ao uso de anestesia livre de opioides, anestesia regional e uso de adjuvantes em cirurgias.
Participaram do painel a anestesiologista Deise Martins Rosa, do Instituto Nacional do Câncer; Cláudia Panossian Cohen, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Frederico Perego Costa, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, Luiz Antônio Mondadori, oncologista, e Eduardo Henrique Giroud Joaquim, diretor clínico, ambos do A.C. Camargo Cancer Center.
Fonte: Saesp