O médico Délio de Oliveira Fantini há cinco anos trata gratuitamente de pessoas portadoras da HIV e moradores de rua que recentemente receberam alta hospitalar. Mais de 10 mil pessoas foram atendidas nesse período na Casa de Saúde Nossa Senhora da Conceição, que é uma parceria da Arquidiocese de Belo Horizonte e prefeitura da capital mineira. “Eu nunca usei a Medicina apenas para conseguir dinheiro. O trabalho do médico tem de ser de extrema doação”, ensina Fantini.
Antes de se dedicar aos necessitados, o médico Délio Fantini vivenciou por quase trinta anos a dura realidade de um profissional do interior do estado. Por muito tempo, ele foi o único médico de um hospital do qual era proprietário na Cidade de Buritis, localizada a Noroeste de Minas Gerais, com 23.979 habitantes. Com um colega e, depois, sozinho atendeu 35 leitos. “Fiz cirurgias, atendimento em pediatria, otorrinolaringologia, gastroenterologia obstetrícia, ortopedia, clínica médica, atendimento de urgência e emergência. Tornei-me um multiprofissional porque não havia outros profissionais na região”, relata.
A Lei 3.268/1957 estabelece que todo profissional médico, devidamente inscrito no Conselho Regional de Medicina de sua Jurisdição, poderá atuar em todas as áreas da medicina, desde que se responsabilize por seus atos. Caso não possua especialidade registrada no Conselho Regional de Medicina, não poderá anunciar-se como especialista.
O Hospital que era associado ao SUS fechou por falta de recursos. “O serviço se tornou inviável. No último mês, eu recebi R$ 10 mil e as despesas, sem contar o meu pró-labore, chegaram a R$ 12 mil. Infelizmente não houve remédio senão fechar as portas”, explica Fantini.
Logo depois do fechamento do hospital, no final da década de 2000, Délio sofreu um grave acidente. Implantou próteses que foram rejeitadas. O estado de saúde dele se deteriorou muito. “Como queria continuar atuando como médico, resolvi assumir essa obra assistencial. Tenho obtido grandes ensinamentos. O principal deles é que é necessário fazer uma anamnese prolongada para conhecer a fundo os pacientes. Nos meus atendimentos isso se torna ainda mais necessário porque trato de pessoas vulneráveis psicossocialmente. Costumo dizer que não há nada que pague a possibilidade de ver a felicidade de uma pessoa fragilizada socialmente quando consegue recuperar a saúde e ter mais qualidade de vida”, diz.
Recuperando-se de uma doença, o médico afastou-se da instituição em fevereiro de 2015, mas retomou os trabalhos no mês de setembro.
Fonte: CRM-MG