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 Os médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) frequentemente trabalham em situações incomuns para a maioria dos profissionais: atendem os pacientes ainda na rua, debaixo de chuva ou sob olhares de curiosos, por exemplo. Entretanto, na noite de 17 de julho de 2010, equipes do Samu prestaram socorro em condições mais complexas que o habitual.

“Esta ocorrência, em particular, excedeu as nossas expectativas quanto à gravidade e à complexidade. Atendemos a vítima num cenário digno de guerra”, assim define Oswaldo Alves Bastos Neto, sub-coordenador de equipes especiais, um dos médicos que atendeu Elielson dos Santos, 40 anos. Participaram também do atendumento os médicos Lucas Rocha Dias de Albuquerque e Enox de Paiva Júnior. Elielson foi uma das quatro vítimas do desabamento de um casarão localizado entre as ladeiras da Conceição da Praia e da Montanha, na Cidade Baixa, em Salvador (Bahia). Segundo a Defesa Civil, o péssimo estado de conservação do imóvel e as fortes chuvas causaram o desmoronamento, que resultou na morte de uma pessoa, em ferimentos leves em outras duas e na amputação do braço esquerdo de Elielson – o que possibilitou seu resgate com vida.

“Depois de muita ponderação e diante da inexistência de recursos menos cruentos, as equipes do Samu tomaram a decisão de amputar o membro superior do paciente”, diz Oswaldo, que realizou a operação. O homem estava preso por uma viga que sustentava os destroços e, segundo o Corpo de Bombeiros, era impossível retirá-lo sem oferecer mais riscos a ele mesmo e à equipe de resgate. “Elielson estava consciente e concordou com o agressivo procedimento. Era uma situação extrema. Toda a cultura médica prima pela preservação da vida”, afirma o médico.

Segundo Oswaldo, Elielson foi anestesiado por Enox de Paiva Júnior, médico intervencionista do Samu, através de bloqueio de plexo braquial. Para ter acesso ao paciente, Oswaldo conta que teve que ficar praticamente de cabeça para baixo, numa inclinação de cerca de 60º: “Eu estava preso por um cinto de segurança e os bombeiros seguravam minhas pernas. O próprio paciente estava apoiado, mas não sabíamos se este apoio agüentaria mais alguém”, explica. Toda operação durou quase três horas.

O médico afirma ainda que precisou amputar logo acima do cotovelo da vítima, região mais próxima do alcance dos profissionais. “O objetivo era efetuar uma amputação próxima ao punho, para tornar o braço mais funcional posteriormente, com a colocação de uma prótese. Infelizmente, isto não foi possível”, declara. A vítima foi encaminhada ao Hospital Geral do Estado (HGE), referência em atendimento de traumatologia na Bahia. Depois de passar por uma nova cirurgia – desta vez em ambiente apropriado – Elielson se recuperou do pós-operatório na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.

Dez dias após o ocorrido, Elielson agradeceu aos médicos, em matéria publicada pelo jornal Correio: “Agradeço muito por terem feito aquele serviço todo e estou me sentindo feliz”. Os médicos se emocionaram e acabaram se surpreendendo com o sorriso no rosto do homem, que ganhou a vida de volta após aquela cirurgia.

Fonte: Camila Martinez / Cremeb com informações do Jornal A Tarde / Correio / Rede Bahia

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