

Depois de passar cinco dias entubado e com ventilação mecânica, o pediatra realizou a primeira tentativa de extubação (retirada dos aparelhos, chamado de desmame também). Mas a criança não suportou respirar sozinha por muito tempo e novamente voltou para os aparelhos. Foram feitas mais duas tentativas de desmame sem sucesso. Sem muitos recursos o pediatra Uilton Tavares decidiu que seria necessário fazer a traqueostomia, que consiste em uma intervenção cirúrgica na traqueia, onde é colocada uma cânula para a passagem de ar. “Na UTI Pediátrica do Hospital da Criança não existem equipamentos para a realização de Ventilação Pulmonar Não Invasiva e portanto, quando um paciente é extubado e não suporta ficar fora da ventilação mecânica, dependendo da sua patologia de base, é realizada a traqueostomia,” explica Tavares.
O médico providenciou as cânulas de traqueostomia apropriadas para a idade da criança, pegou autorização da cirurgia com os pais de Pedro Miguel Cortes e solicitou o agendamento da cirurgia. No entanto a vontade dos que atendiam a criança era que ele não realizasse traqueostomia. O pediatra juntamente com a fisioterapeuta Ana Paula Kloster e com a técnica de enfermagem Maria Suely Nascimento pensaram um uma forma alternativa de ventilação não invasiva para tentar mais uma extubação.
Os profissionais separaram diversos materiais entre equipos de soro, esparadrapo, um estetoscópio, tesoura entre outros e conseguiram improvisar uma pronga nasal (espécie de cano) adaptada para as narinas da criança. Com todo o material em mãos, os três novamente tentaram o desmame de Pedro. “E foi um grande sucesso! A criança suportou a extubação e ficou bastante confortada no aparelho de ventilação mecânica agora no modo CPAP, ou seja, mantendo uma pressão pulmonar positiva sem a necessidade de ficar entubado”, conta o pediatra.
Para Anderson Cortes, pai de Pedro, a notícia veio como um alívio. “Se ele tivesse que enfrentar mais uma cirurgia (traqueostomia) seria muito doloroso para o bebê e também para os pais. Graças a Deus que deu certo. Já tinha tentado comprar uma máscara especial para fazer esse processo de desmame. Cheguei até a viajar para Belém no Pará pra comprar lá. Por ser um material de uso hospitalar, não consegui. Esses profissionais tiveram a mente iluminada,” afirma o pai.
Segundo o pediatra, a pronga improvisada agora faz parte do arsenal de materiais para salvar vidas no Hospital da Criança e do Adolescente do Amapá.
Fonte: CRM-AP