
O arsenal utilizado pelos médicos do Hospital da Mulher Mãe Luzia, em Macapá (AP), consiste em celulares e lanternas. Aproximadamente dois anos o gerador da única maternidade que atende gravidez de alto risco no Amapá apresenta problemas. Toda vez que falta energia, o aparelho demora a ligar.
O médico São Judas Tadeu, nome fictício, pois o profissional tem medo de represálias, já teve que concluir cirurgias à luz de celulares e lanternas em torno de dez vezes. Em ambos os casos, ele tinha iniciado o procedimento com energia. O caso mais difícil nestes 25 anos exercendo a Medicina aconteceu neste semestre. “Eu realizava uma laparotomia exploradora (abertura do abdome) em uma paciente que entrou na emergência com gravidez ectópica (gravidez fora do útero, neste caso estava nas trompas) e no meio do procedimento faltou energia. Esta região sangra muito e foi difícil finalizar o procedimento com pouca iluminação”, conta Tadeu.
O problema no gerador também atinge a UTI Neonatal do Hospital da Mulher Mãe Luzia. A pediatra Maria Goreti, nome fictício, pois a médica também teme por represálias, conta que a bateria dos respiradores antigos não funciona e bebês que estão respirando com ajuda de aparelhos são ventilados com ambú, que é uma espécie de balão, que funciona manualmente. “Esse problema ocorreu várias vezes. O risco desse processo é que vá mais oxigênio do que o recém-nascido necessita”, explica.
Enquanto o problema no gerador não é solucionado, os pacientes correm risco a cada queda de energia. E a única opção para os profissionais da saúde é recorrer ao famoso jeitinho brasileiro e driblar com criatividade a falta de equipamentos para garantir um bom atendimento aos pacientes.
Fonte: CRM-AP