O consumo de crack, droga extremamente destrutiva e que provoca efeito devastador no organismo do usuário, já se tornou uma epidemia em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, onde o número de dependentes cresceu cerca de 80% nos últimos 12 meses. O aumento no consumo está preocupando os dirigentes da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). No Rio de Janeiro, uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Universidade Estadual (UERJ) com 200 dependentes de cocaína e crack, apontou que hoje o número de usuários de crack em tratamento é maior do que o número de viciados em cocaína. De acordo com o estudo, o crack atualmente é a droga mais usada por jovens de até 21 anos. Desde o ano passado, o presidente da Fenam e do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo Mendes, vem cobrando das autoridades de saúde medidas urgentes para atacar a epidemia de crack. Entre elas, o aumento no número de leitos psiquiátricos para tratamento dos viciados na droga e a criação de uma política de atenção à saúde específica para esse tipo de epidemia. Paulo Argollo afirma que os dependentes de crack precisam de internação em leitos de hospitais psiquiátricos e não nos leitos já existentes em hospitais gerais. “Não sei o que é mais dramático: o percentual de doentes que usam a droga entre os internados ou o número de leitos. Quase acabaram com o atendimento em instituições especializadas, mas não ampliaram os serviços. A lei é aplicada pelo gestor. O efeito está sendo colhido agora, com o sofrimento a que todos estamos assistindo.” O secretário geral da Fenam, Mario Fernando Lins, faz um alerta: “O crack é uma droga extremamente destrutiva, com efeito devastador. Temos de combater essa praga, com o engajamento não apenas dos médicos, mas de toda a população”, disse ele, acrescentando que o governo precisa implantar, com urgência, uma política de prevenção e tratamento para os dependentes do crack, que é oito vezes mais potente que a cocaína. O psiquiatra Mario Antonio Ferrari, diretor de Saúde Suplementar da Fenam, acha que a epidemia de crack é conseqüência da falta de atuação do Estado.
Epidemia de crack preocupa dirigentes da Fenam
13/11/2009 | 02:00