Pedro Nunes, presidente reeleito da Ordem dos Médicos de Portugal, tomou posse do cargo de bastonário, que ocupará até 2010, no último sábado, dia 9, em Lisboa. Nesta entrevista ele relata quais serão os objetivos para seu último mandato e de que forma pretende trabalhar com a AMB e outras entidades médicas de língua portuguesa. 1) Quais são suas metas para este segundo mandato como presidente da Ordem dos Médicos de Portugal? Este é o meu último mandato, como já informei todos os médicos através da própria Revista Oficial da Ordem dos Médicos. Vai ser um mandato de continuidade, com a reafirmação e solidificação dos vários princípios que sempre defendemos. Entre eles, elegi como primeira prioridade a de manter a Ordem independente de todos os poderes, colaborante e dialogante, é certo, mas afirmativa dos valores da Medicina, alguns deles imutáveis ao longo de séculos. Será assim, por exemplo, que os médicos portugueses tratarão, dentro da sua Ordem, de discutir o seu Código Deontológico, livres de pressões exteriores à profissão. Será também um mandato em que se reforça o objetivo de criar um novo regime de carreiras médicas, mais adequado às novas realidades do exercício da Medicina, num momento em que a importância dos serviços privados é crescente. Não descurarei por um momento que seja – e não deixarei fugir uma única oportunidade de fazer valer os nossos pontos de vista – o tema da criação de uma Lei do Ato Médico, em conformidade com os direitos dos cidadãos que merecem clareza e idoneidade nos momentos de decisão sobre os cuidados de que precisam. De resto, numa altura em que se abrem novas perspectivas para a preparação de políticas de saúde, com a nomeação de um novo ministro para a tutela, queremos reforçar a nossa influência positiva nessas políticas, defender as virtudes do Serviço Nacional de Saúde e fazer valer o princípio de que é mais certo formar médicos em Gestão do que trazer para as unidades de saúde profissionais desta área sem a adequada noção da importância dos serviços de saúde e da sua dimensão humana. Quero manter o contato permanente com todos os meus colegas em todos os pontos do país e apoiá-los sempre que se imponha. 2) Como vai ser seu trabalho junto à AMB? Alguma nova parceria prevista? A AMB é para nós uma instituição de transcendente importância. Não são apenas os nossos princípios enquanto médicos que nos unem, mas também a ligação especial dos nossos países e a nossa Língua. Passam agora 400 anos sobre o nascimento de Padre António Vieira, o homem que lançou, sem dúvida, essa matriz de identificação portuguesa e brasileira, que nos cabe manter e alimentar. Todas as parcerias são possíveis entre a AMB e a Ordem dos Médicos e teremos ainda este ano ocasião de falar muito sobre as diversas possibilidades de intervenção, quer bilaterais, quer multilaterais, no âmbito da Comunidade Médica de Língua Portuguesa. 3) Como estão sendo os preparativos para o próximo congresso da Comunidade Médica de Língua Portuguesa? Como vai ser sua atuação neste grupo? O próximo Congresso da Comunidade Médica de Língua Portuguesa decorrerá em Portugal, como sabem. É o terceiro e queremos associar à sua importância de fato também um simbolismo especial. Por isso, vamos organizá-lo em Lisboa, em paralelo com o nosso Congresso Nacional de Medicina e com o nosso Congresso Nacional do Médico Interno. Será um conjunto de grandes eventos para todos os médicos e mesmo para o nosso país, que vai congregar profissionais de todo o espaço lusófono e uma participação muito ativa dos médicos portugueses. 4) Como vão os trabalhos do Fórum Ibero-americano de Entidades Médicas? Como tem sido a atuação de Portugal? É ainda precoce falar deste importante espaço de intervenção. Portugal, por pressão de outras prioridades, tem tido pouca intervenção neste fórum. O futuro trará seguramente maiores oportunidades. Fonte: AMB