Nesta terça-feira, 11/11, entidades médicas de vários Estados deram o início a um movimento nacional, apresentando, em coletivas à imprensa, o documento “Carta aberta ao presidente da República”, resumindo as principais reivindicações da classe médica em relação ao setor de saúde suplementar – entre elas a adoção da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) como padrão mínimo e ético de remuneração, assim como determina a Resolução nº 1.673, de 2003, do Conselho Federal de Medicina. Em São Paulo, a coletiva de imprensa foi realizada na sede da Associação Paulista de Medicina com a presença de líderes da classe médica local. “Não podemos mais ficar de braços cruzados diante dos abusos cometidos pelas operadoras de planos de saúde”, afirmou o presidente da AMB, Eleuses Paiva. “Os planos de saúde devem oferecer aos usuários tudo o que há de mais eficaz em diagnóstico e tratamento de doenças e não o que há de mais barato”, completou. Entre as irregularidades citadas estão o não-reajuste dos honorários médicos há cerca de oito anos, o descredenciamento de prestadores de serviço por decisão unilateral das operadoras, atrasos nos pagamentos e cerceamento à atividade médica com proibições à realização de determinados procedimentos. O presidente do Cremesp, Clóvis Constantino, destacou que a entidade vem observando um crescimento no número de queixas contra médicos. “Isso se deve, em grande parte à interferência das empresas no trabalho médico, influenciando negativamente nos resultados ao paciente”, avaliou. Para o presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, a adoção da CBHPM – Classificação Hierarquizada de Procedimentos Médicos por parte das operadoras minimizaria alguns problemas. “Isso porque a CBHPM considera apenas os procedimentos adequados e necessários para uma boa assistência, além de valorizar o profissional”, destacou. Segundo o presidente da AMB, as entidades médicas buscarão o apoio da Frente Parlamentar da Saúde, dos órgãos de defesa do consumidor e do Ministério Público para aumentar a pressão sobre o Executivo. CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA Excelentíssimo senhor presidente, Considerando a relevância do sistema suplementar de saúde que hoje atende cerca de 34 milhões de brasileiros; Considerando que as empresas desse sistema interferem na relação médico-paciente, freqüentemente negando procedimentos e colocando a saúde dos usuários em risco; Considerando que os honorários dos médicos encontram-se congelados há oito anos, apesar de nesse período as mensalidades dos planos e seguros de saúde terem sido reajustadas acima a inflação; Considerando os graves prejuízos enfrentados pelos usuários frente a essa situação; A classe médica vem a público, primeiramente, reiterar apreço e manifestar apoio às sugestões do excelentíssimo senhor ministro da Saúde, dr. Humberto Costa, feitas recentemente em São Paulo, relativas à busca de soluções para esse setor da saúde, por meio do Fórum de Saúde Suplementar. Na oportunidade, apresentamos também à Vossa Excelência as propostas da classe médica para a solução desses problemas: 1 – Estabelecimento da livre escolha de profissionais médicos por parte dos usuários dos planos e seguros de saúde, independentemente de credenciamento prévio. 2 – Regulamentação das relações entre os prestadores de serviços (médicos, hospitais e clínicas) e as empresas contratantes, com definição clara das responsabilidades de cada um. 3 – Utilização da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos como referência para todos os atos médicos a serem cobertos pelos planos e seguros de saúde, permitindo também que os usuários tenham acesso aos novos procedimentos oriundos do avanço tecnológico. 4 – Garantia de que os médicos tenham seus honorários atualizados sempre que as operadoras obtiverem autorização para reajustar o valor de seus planos. 5 – Desburocratização do sistema, por meio da implantação de formulários unificados. 6 – Definição clara, por parte da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, dos procedimentos médicos que necessitam de autorização prévia. Aguardando manifestação de Vossa Excelência, colocamo-nos à disposição para os esclarecimentos que se fizerem necessários. São Paulo, 11 de novembro de 2003 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA CONFEDERAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS
Entidades médicas apresentam carta aberta ao presidente da República
11/11/2003 | 02:00