Apesar do acordo salarial celebrado com o Estado, quarta-feira passada, a maioria das unidades públicas funcionou sem traumato-ortopedistas no fim de semana O acordo entre a Secretaria Estadual de Saúde e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), até agora, apenas surtiu efeito no bolso da categoria. Com exceção do Hospital da Restauração (HR), as principais emergências públicas ficaram sem traumato-ortopedistas no fim de semana. As pessoas que precisaram de atendimento foram encaminhadas para outras unidades, que sofreram com o excesso de pacientes. Uma das mais prejudicadas foi a Policlínica Amaury Coutinho, no bairro da Campina do Barreto. No Hospital Getúlio Vargas (HGV), referência em traumato-ortopedia, os plantões ficaram descobertos. Durante todo o fim de semana não houve especialistas. “Tinha um médico escalado, mas ele não veio. Estamos mandando os pacientes para a Policlínica Amaury Coutinho”, revelou uma funcionária do HGV, que preferiu não se identificar. A situação não foi diferente no Otávio de Freitas (HOF). “Antes das demissões em massa, o hospital só tinha um traumatologista, mas ele ainda não voltou. O colega ainda deve ser readmitido”, criticou o plantonista José Tenório. Segundo o médico, dos 15 clínicos requisitados à Secretaria Estadual de Saúde, apenas um foi enviado. “O número de profissionais é insuficiente para dar conta. Estamos só atendendo os casos mais graves”, revelou. O médico-corregedor do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Roberto Tenório, explicou que após o acordo com o Governo a maioria dos especialistas se comprometeu a retomar as atividades. No entanto, ele esclarece que cabe ao Estado comunicar aos profissionais o restabelecimento do vínculo. “Acredito que alguma atitude de ordem burocrática tem que ser tomada. Isso não cabe ao sindicato”, considerou. De acordo com o chefe do setor de traumatologia do HOF, Hermes Wagner, o retorno ao cargo depende apenas dos médicos. “Deve ser respeitada a decisão individual de cada um. A maioria deve estar voltando. O acordo prevê que os profissionais voltariam sem retaliação, com o mesmo contrato”, concluiu Wagner. No HR, funcionários afirmaram que o atendimento estava normal na emergência. A ausência de traumato-ortopedistas no HGV e HOF provocou superlotação no serviço da Policlínica Amaury Coutinho. “Os pacientes estão sendo trazidos para cá. Apenas hoje (ontem) já foram quase cem pessoas”, revelou uma atendente da unidade. A aposentada Nicéia Freitas de Arruda, 59 anos, foi uma das pacientes que sofreram com a falta de médico. “No HGV me falaram que não tinha ortopedista. Uma Kombi estava trazendo os doentes. Vim com mais três pessoas”, reclamou. Nenhum representante da Secretaria Estadual de Saúde foi encontrado até o fechamento da edição, às 21h, para se pronunciar sobre o problema e informar que providências serão adotadas com relação aos médicos faltosos. ACORDO – Em assembléia realizada na última quarta-feira, na Sociedade de Medicina de Pernambuco, na Boa Vista, os médicos que atuam nas emergências públicas aceitaram a proposta de aumento salarial feita pelo Estado. Pelo acordo firmado, a partir do próximo mês, diaristas e plantonistas vão receber o salário-base de R$ 1.259. Os plantonistas terão, ainda, uma gratificação de R$ 600. Da Assessoria de Imprensa do Cremepe. Com Informações do Jornal do Commercio.
Emergências ainda sem médicos
25/10/2004 | 03:00