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O dia foi de caos para os pacientes que buscaram ontem atendimento no Hospital da Restauração (HR), a maior emergência pública do Estado. No plantão que vai das 7h às 19h, a falta inexplicada de sete médicos – associada às férias de outros quatro – gerou cenas vexatórias para quem precisava de atendimento urgente, muitos deles vindos do Interior. Apenas nove profisionais (sendo três anestesistas) tentavam dar conta dos cerca de 600 pacientes que chegaram à unidade. Os setores de clínica geral e traumatologia foram fechados pela falta dos quatro médicos escalados. Os pacientes eram avisados que não seriam atendidos quando ainda estavam em ambulâncias ou carros particulares. O chefe do plantão, Luis Sabino acabou afastado pela direção por denunciar a crise. A situação de confusão vivida pela manhã só foi amenizada às 15h, quando dois clínicos do setor de Enfermagem foram transferidos para a Emergência. O setor de Trauma foi reaberto apenas às 19h. A angústia comum a todos podia ser vista na família de José Lins Junior, de 22 anos. Ele deu entrada no hospital na noite de terça, vítima de um acidente de moto e estava em estado grave. Chorando muito, a irmã dele, Georgina Lins, denunciava a precariedade do atendimento. “Ele estava esperando no corredor, não tem um neurocirurgião e ninguém diz nada. Se alguma informação fosse dada, poderíamos tentar uma transferência”. Wemerson Souza veio de Caruaru, trazendo sua irmã com fortes dores na coluna. Ficou atônito quando soube que ela não ficaria no HR. “Não sei para onde ir, ela veio chorando desde lá e não temos a quem recorrer”. O chefe do plantão da Emergência pela manhã, Luís Sabino, o único a falar com a Imprensa, disse que além do deficit de profissionais, há carência de medicamentos. “Quero atender bem os pacientes, mas não consigo. Estamos preparando mais um documento com a situação”. Acabou sendo afastado do cargo por ter, justamente, falado sobre tais carências. A direção do Restauração, preferiu minimizar a confusão vivida ontem na unidade. “As reivindicações de Luis Sabino estão corretas, mas a direção não gostou da maneira como foi dito”, comentou Gustavo Menelau, diretor da Emergência. Ele disse que faltas individuais são habituais. “Esse caos é devido a falta de equipes inteiras, o que não tem explicação”, acrescentou. SINDICÂNCIA – O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) vai instaurar sindicância na próxima semana para apurar a responsabilidade dos médicos, gestores e auxiliares, pelo caos que atingiu o HR. Será nomeado um conselheiro para presidir a sindicância, cujo prazo de conclusão é de 30 dias. Serão analisados prontuários das unidades para verificar que médicos deixaram de cumprir sua função. “O relatório final será apreciado pela plenária do Cremepe, que definirá se será aberto um processo ético-profissional contra os médicos”, informou o vice-presidente do conselho, Carlos Vital. Ontem pela tarde, o Cremepe, juntamente com o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), foi ao HR para verificar as denúncias de carência de pessoal e medicamentos. Todas as denúncias foram confirmadas, segundo as instituições. “Há uma carência frequente de medicamentos, películas para Raio X e médicos, principalmente em especialidades como Clínica e Traumatologia. E esse problema não é de hoje. Denunciamos essa situação desde 2001”, disse Vital. “O Estado tem uma carência de mil médicos. É preciso que um concurso seja aberto o mais rápido”, completou André Longo, presidente do Simepe. Na manhã da próxima terça-feira (13/01), o assunto será discutido, na sede do Cremepe, pelos dois órgãos, por representantes da Secretaria Estadual de Saúde e pela diretoria do HR. HGV tem sobrecarga Com a falta de médicos no Hospital da Restauração, o dia foi dramático na segunda maior emergência do Estado, a do Hospital Getúlio Vargas (HGV). A unidade de saúde atende no setor cerca de 450 pessoas por dia, mas ontem, das 7h às 16h já havia realizado 341 atendimentos, sendo 134 só em traumatologia. Praticamente todos os pacientes de trauma que não foram atendidos no HR foram encaminhados para o HGV, congestionando o serviço, que também estava com dois traumatologistas a menos na emergência. “Um pediu demissão hoje (ontem) e o outro é residente e precisou sair para fazer uma prova. Ficaram quatro para dar conta do serviço”, informou o diretor adjunto do HGV, Rômulo Gomes. Cada plantão de doze horas conta com 25 médicos, o que, segundo a direção, é suficiente para atender a demanda normal, mas não uma situação “insuportável” (na definição dos próprios médicos) como a de ontem. Pacientes como Cristiane Tavares da Silva, 18, sentiu na pele a demora no atendimento. Ela chegou à emergência com vários cortes por volta das 13h e só foi socorrida mais de uma hora depois. “Perdi muito sangue”, disse. De acordo com Rômulo Gomes, já existe um movimento dos médicos do HGV para pedir demissão coletiva, por não agüentarem mais o crescente aumento no número de atendimentos. Ele adiantou que vai procurar hoje o secretário de Saúde, Guilherme Robalinho, para tentar achar uma saída para o problema. Até 2000, o hospital atendia 10 mil pessoas por ano. A partir daí teve um incremento de 5 mil novos atendimentos. Boa parte por conta da deficiência de outros hospitais como o HR e o Otávio de Freitas. Além disso, 40% dos pacientes que chegam a emergência do HGV precisam apenas de atendimento ambulatorial e são do Interior. Com Informações do Pernambuco.com

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