Um apelo à mídia e à população brasileira foi feito nesta terça-feira (9 de março) pelas entidades médicas, durante coletiva de imprensa na sede da Associação Médica Brasileira (AMB). “Ajudem-nos a atender nossos pacientes dignamente e a mudar a realidade da Medicina brasileira”, pediu o presidente da AMB, Eleuses Paiva. “É inconcebível que a saúde seja analisada do ponto de vista econômico. Temos a certeza de que é uma revolta de toda a sociedade um paciente ser submetido à operação sem realizar exames pré-cirúrgicos porque seu plano de saúde alega que o custo é muito alto”, completou. O evento, realizado em São Paulo como parte do Dia Nacional de Mobilização, se destinou a reforçar para a imprensa a reivindicação da classe médica pela adoção da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) e a apresentar a campanha publicitária que poderá ser conferida nos próximos dias em todo país: Doutor, mostre o valor do seu trabalho. “A correta remuneração dos honorários médicos é vital não apenas para a sobrevivência do médico e de seus dependentes, mas também para o exercício seguro da profissão e o atendimento digno à população”, afirmou o presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Clóvis Constantino. A opinião foi complementada pelo presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Erivalder Guimarães: “Com a adoção da CBHPM temos uma nova perspectiva de qualidade na atenção à saúde”. O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), José Luiz Gomes do Amaral, defendeu a necessidade do cidadão brasileiro conhecer a CBHPM: “Quando o consumidor compra um plano de saúde, ele recebe um livrinho com a relação de médicos credenciados e assina um documento, mas não sabe dizer se será atendido em tudo que precisar, seja exame, tratamento ou internação”. Eleuses Paiva lembrou que há 12 anos o rol de procedimentos médicos atendidos pelos planos de saúde não sofria uma atualização. “É absolutamente essencial que o cidadão brasileiro conheça todos os procedimentos médicos disponíveis e defenda a implantação da CBHPM para garantir sua própria saúde, porque tudo o que há de mais moderno na Medicina está contemplado na Classificação”, explicou. Paiva também citou os movimentos que vem sendo deflagrados em todo o país, em alguns locais com a paralisação ao atendimento por guia de plano de saúde, ressaltando a receptividade por parte da população e de órgãos públicos: “Em cada cidade onde o movimento foi instalado, procuramos os órgãos de defesa do consumidor e também o Ministério Público para explicar nosso posicionamento e fomos recebidos entusiasticamente. Inclusive, o Ministério Público tem se colocado como intermediador das negociações, chamando as operadoras ao diálogo”, disse o presidente da AMB. José Luiz Gomes do Amaral acrescentou que apenas a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) se mantém omissa quanto à reivindicação. “A regulamentação na área da saúde é falha. O Ministério da Educação é omisso quanto à questão da abertura indiscriminada de escolas médicas e a conseqüente formação de profissionais incapacitados. O Ministério da Saúde é omisso quanto à relação entre prestadores de serviço e operadoras de planos de saúde. Infelizmente, as leis de mercado passaram a se sobrepor ao respeito à comunidade”, afirmou. A coletiva de imprensa contou ainda com a presença do conselheiro Alceu Pimentel, representando o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Edson Andrade. Pimentel reforçou o reconhecimento da Classificação por parte do CFM como padrão mínimo de remuneração dos médicos no setor de saúde suplementar e conclamou os médicos do país e a sociedade a lutarem pela implantação da CBHPM. FONTE: AMB
Em coletiva, entidades pedem apoio da mídia e da população por uma Medicina digna
09/03/2004 | 03:00