Em um ano em que as atenções estiveram voltadas para os hospitais, onde a presença de leitos podia significar a diferença entre a vida e a morte por covid-19, a atenção primária continuou sofrendo com a falta de insumos básicos, como toalhas de papel, sabonete líquido, pia nos consultórios, salas de esterilização, de dispensação de remédios e de vacinação. É o que constata levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) a partir das 1.235 fiscalizações em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Centros de Assistência Psicossocial (CAPS) realizadas em 2020 pelos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs).
Das 1.235 UBSs visitadas pelas equipes de fi scalização dos CRMs, em 15 foram registradas mais de 100 inconsistências. Dentre elas, 420 tinham até 30 ocorrências e em 376 foram registrados até 10 itens em desacordo com os Roteiros de Fiscalização do CFM.

Inconsistências: maioria tinha até 80 problemas
Os municípios onde estão localizadas as UBSs com mais de 100 inconsistências são: Rio Branco (AC), Oiapoque (AP), Ferreira Gomes (AP), Aracati (CE), Brasília (DF), Goiânia (GO), Gravataí (RS), Tramandaí (SP), Carira (SE), São Vicente (SP), Artur Nogueira (SP), Carapicuíba (SP) e Paraíso do Tocantins (TO).
Foi constatado que 17% das UBSs − aí incluídos centros, ambulatórios e postos de saúde − não tinham sala de expurgo e de esterilização. Do total, 16% não tinham farmácia ou sala de dispensação de medicamentos e 12% e 9%, respectivamente, não possuíam sala de pré-consulta de enfermagem e sala de vacinação. Em alguns locais, nem recepção havia. Em outros, faltavam sala de curativos e de coleta e sanitários para os funcionários. Em 3% das UBS não estava garantida a privacidade ou confidencialidade do atendimento médico, o que é considerado uma total falta de respeito ao paciente.