Qualidade Médica Foi uma boa medida a resolução do Conselho Federal de Medicina que tornou obrigatória a revalidação periódica dos títulos de especialista. Apenas no mundo da burocracia um jovem sai da escola médica, faz sua residência, obtém titulação em alguma especialidade como cardiologia, neurocirurgia, oftalmologia e está habilitado a exercer a profissão pelo resto de seus dias. No mundo real, um bom profissional precisa manter-se constantemente atualizado. Numa época em que se publicam a cada ano em periódicos científicos algumas dezenas de milhares de artigos médicos, não é supressa que condutas e tratamentos sejam revistos em ritmo alucinante. Um médico que deixa de acompanhar de perto os avanços em sua área de atuação quase certamente não está oferecendo o melhor tratamento disponível a seu paciente. Assim, é mais do que razoável que, para manter o título de especialista, que é ostentado por mais ou menos a metade dos médicos do país, o profissional precise provar que não parou no tempo. Os títulos serão válidos por cinco anos e, para prorrogá-lo, o médico terá de participar de uma série de atividades, como congressos e programas de educação continuada, ou fazer uma prova em que demonstre estar atualizado. Se cabe alguma crítica é a de que as regras em princípio permitem que o profissional que apenas freqüente eventos consiga manter seu título mesmo que não assimile os avanços anunciados nesses eventos. O importante passo dado pelo CFM não deve, contudo, se extinguir em si mesmo. Cabe lembrar que os detentores de títulos de especialista já constituem a elite médica do país. A preocupação deve ser muito maior em relação aos que não são especialistas. Aqui, é preciso ter a coragem de admitir que a formação oferecida pelas escolas médicas é em média um tanto sofrível e que, em nome da segurança pública, é preciso instituir uma prova que habilite para o exercício da medicina, a exemplo do que já fazem os advogados. Impedir que pessoas sem qualificação técnica se intitulem médicos e se arrisquem a fazer diagnósticos, prescrever e até operar é elementar medida de saúde pública. Fonte: Folha de S. Paulo, edição de 16/05/2005
Editorial da Folha de S. Paulo elogia revalidação do Título de Especialista
17/05/2005 | 03:00