Campanha convoca toda a sociedade a desmistificar o problema, que pode ser evitado com tratamento
Um marco na prevenção ao suicídio, mais uma vez a campanha Setembro Amarelo redobrou esforços para conscientizar, desmistificar e diminuir o número de mortes por essa causa no Brasil. “É preciso agir” é o título da campanha em 2020, que convida todo cidadão a participar, inclusive na organização de eventos para a população com foco na prevenção e orientação em relação a doenças mentais.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos alguém morre por suicídio no mundo, e a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. Calcula-se que aproximadamente um milhão de casos de óbito por suicídio são registrados por ano em todo o mundo. No Brasil, os casos passam de 12 mil, e estima-se a média de 32 mortes por suicídio por dia, colocando o País na 8ª posição mundial desse índice. O número, porém, deve ser ainda maior devido à subnotificação.
“Suicídio ainda é um tabu. Você não vê pessoas falando que familiares morreram dessa forma, não costumam revelar essa causa. Com a percepção e a identificação de que os suicídios são mais frequentes, eles tornam-se um problema de saúde pública, e o médico precisa estar cada vez mais preparado para atuar. Essa é a mensagem que temos que passar. Nosso papel como médico é colocar isso para a sociedade, ajudando a desmistificar e divulgando dados, porque o suicídio pode ser evitado”, alerta o psiquiatra e 2º tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM), Salomão Rodrigues.
Campanha – O mote Setembro Amarelo teve origem há 26 anos, nos Estados Unidos, quando um jovem chama[1]do Mike Emme tirou a própria vida aos 17 anos de idade, no dia 8 de setembro de 1994. Fã do Ford Mustang, o garoto comprou um veículo desse modelo fabricado em 1968, reformou-o e o pintou de amarelo. Emme se matou com um tiro dentro do carro e foi encontrado pelos pais poucos minutos depois, com um bilhete pedindo para não se culparem. Esse fato originou o Yellow Ribbon (Laço Amarelo), um programa com o objetivo de evitar mortes como a dele. Emme motivou também a criação oficial do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro).
No Brasil, o Setembro Amarelo foi organizado pela primeira vez em 2014, pelo CFM e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), mas as medi[1]das preventivas ao suicídio continuam sendo realizadas durante todo o ano.
Para a psiquiatra e conselheira federal por São Paulo, Christina Gonzalez, a prevenção continuada e a divulgação responsável são fundamentais para reduzir o número de casos.
“O CFM e a ABP lançaram em 2016 uma cartilha chamada Suicídio: informando para prevenir, exatamente para orientar a imprensa e a mídia sobre como deve ser feita a menção ao tema. Existe um temor de que a exposição desses casos possa incentivar novas tentativas, mas a gente sabe que uma divulgação adequada e assertiva sobre como prevenir e abordar o assunto, sobre histórias de sucesso de pessoas que não estavam bem, buscaram tratamento e tiveram a qualidade de vida melhorada, histórias sobre prevenção e como buscar efetivamente ajuda podem sim evitar, e não induzir o suicídio, ou seja, é uma forma muito efetiva de combatê-lo”, afirma Christina.