
Ele enfatiza tratar-se de um problema crônico do HGE, que inclusive chega a comportar um excedente ainda maior, no decorrer do ano. “Enquanto a rede de assistência básica funcionar precariamente, a superlotação do HGE continuará penalizado. Nos anos anteriores fizemos a mesma denúncia de superlotação ao Ministério Público, mas em 2010 o Estado respondeu aos promotores de justiça que vai resolver a questão com o prédio anexo, onde serão abertos mais 200 leitos. Infelizmente isso não vai resolver. O governo precisa dar resolutividade ao sistema, dotando as unidades de atenção básica da infra-estrutura necessária à prestação de um serviço de qualidade”, desabafou Fernando Pedrosa.
Segundo Fernando Pedrosa, faz parte das atribuições do Cremal zelar, fiscalizar e exigir que as unidades de saúde funcionem em conformidade com os parâmetros da lei, e que visam garantir condições viáveis ao exercício da medicina. “Por isso nos mantemos atentos, registramos o que observamos, tudo é documentado e acordamos um termo de ajuste para que dentro de 60 dias as irregularidades sejam sanadas. Do contrário, acionaremos o Ministério Público”, explicou Pedrosa.
Ao verificar as instalações do HGE, o presidente do CFM, Roberto d’Avila, lamentou a superlotação, bem como a limitação da equipe do HGE. “São poucos profissionais e para desempenhar o ofício eles precisam agir como heróis. A demanda é inversamente proporcional a capacidade de atendimento. Em algumas especialidades, como a de cirurgia torácica, por exemplo, é urgente fazer mais contratações. De modo geral, é preciso ampliar o quadro médico, desde anestesista ao cirurgião-geral. A equipe é pequena, e mesmo sendo tecnicamente capacitada, é humanamente impossível atender a todos. Na verdade, Alagoas já deveria ter construído outro hospital público público, independentemente de qualquer investimento que seja feito nas unidades de referência instaladas no interior e nos mini pronto-socorros da capital.”

O diretor do HGE, Carlos Alberto Gomes, recebeu tranquilamente a equipe de fiscalização e disse que não pode deixar de atender. “Na prática Alagoas só tem emergência em Arapiraca e aqui. O agravante é que 50% dos leitos são ocupados por pacientes do interior cujo quadro clínico poderia ser resolvido na rede de atenção básica. Muitos chegam com encaminhamento e alegando falta de condições de atendimento no município de origem. Reconheço que é complicado sanar o problema da superlotação do HGE diante da caótica realidade da rede básica”, desabafou.
Para o presidente da Comissão de Assuntos Políticos (CAP) do CFM, Alceu Pimentel, a falta de outro hospital de referência não justifica o comodismo do governo, pelo contrário. “Não se pode admitir tomógrafo quebrado, como costuma acontecer no HGE, equipe insuficiente para a demanda, falta de medicamento e insumos necessários ao atendimento, entre outras aberrações. O Estado tem que ser firme no propósito de promover boa assistência a saúde dos cidadãos, até porque cerca de 92% dos alagoanos dependem do serviço público. Infelizmente o que vemos no HGE, na Santa Mônica, nos mini pronto-socorros e demais unidades de atendimento deixa muito a desejar”.
Também fizeram parte da comitiva de fiscalização ao HGE na tarde de quinta-feira os médicos Henrique Silva, José Iran Gallo, Aloísio Tibiriçá, Carlos Vital, José Albertino Souza e José Fernando Vinagre, todos do CFM.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Cremal