Divulgado com forte impacto pela mídia capixaba o recente desentendimento entre os hospitais de maior porte da região metropolitana da capital de nosso Estado e a UNIMED Vitória, o eixo da questão não pode ficar restrito apenas à diferença de valores entre a remuneração requerida pelos primeiros e a oferta da segunda. Envolvidos no cerne da questão vários aspectos outros têm que ser levados a uma análise consciente. Em primeiro lugar, há que se manter a harmonia que sempre caracterizou a relação entre a maior cooperativa médica do Estado e a rede hospitalar que sempre ofereceu seus serviços de maneira competente. Materializado sob várias formas de parceria, este intercâmbio sempre se manifestou no sentido de oferecer à população capixaba um atendimento médico ético e de qualidade. Este passado não pode ser deixado de lado no momento em que se torna necessária uma ponderação equilibrada de ambas as partes, para que se encontre um denominador comum que atenda as necessidades dos envolvidos. Em segundo lugar, o usuário UNIMED necessita ter ao seu dispor o que de melhor existe em material humano e tecnologia no atendimento às suas necessidades. Faz parte do caráter empresarial que sempre marcou a UNIMED Vitória a qualidade e a segurança que se ofereceu aos adquirentes de seu plano de saúde. Não pode deixar de ser mencionado também que esta mesma qualidade pôde ser oferecida pelos hospitais tendo como parceiras empresas do porte da UNIMED. Em terceiro lugar, há que se pensar no trabalho médico. Os corpos clínicos destes hospitais são formados em sua imensa maioria por médicos cooperados da UNIMED Vitória que têm nestas instituições seu local de trabalho, sua referência profissional e são parte fundamental na manutenção da qualidade do serviço prestado pela rede hospitalar da Grande Vitória. Baseado nestes aspectos, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Espírito Santo não pôde fugir à sua obrigação de intermediar uma nova forma de negociação entre as partes. Desarmados dos argumentos passados, reiniciamos um novo diálogo, movidos principalmente pela necessidade do entendimento. Não podemos deixar que o rompimento nesta altura dos acontecimentos prejudique a todos. O prejuízo causado pela incapacidade de se negociar um novo acordo não poupará ninguém. Perderemos todos, hospitais, cooperativas, usuários e médicos. É preciso mais do que nunca que a urgência que temos em alinhavar nossas diferenças chame à razão as partes envolvidas. Não existem, no presente momento, condições de permitirmos que uma parceria tão profícua até agora deixe de produzir seus frutos, prejudicando inclusive as demais campanhas que são aspirações importantes da categoria médica, tais como a implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos, o fortalecimento do trabalho cooperativo em nosso Estado e a manutenção de uma rede assistencial que ofereça à sociedade capixaba a segurança que ela merece. Convocamos assim as partes envolvidas a refletir sobre o seu próprio futuro. Não pode haver força sem união. Não pode haver progresso sem parceria. Somos todos médicos, temos uma só classe situada em ambos os lados da disputa. Não existem diferenças importantes que nos separem ou que impeçam o nosso entendimento. O momento é novo, a história é rica e o futuro está em nossas mãos. Os médicos, os usuários e as instituições se entrelaçam num só anseio: uma Medicina justa, competente, desencadeadora de uma forte expressão de justiça social. É isso que queremos. É por isso que lutamos e é acima de tudo por isso que não podemos nos separar.
Diálogo
20/05/2004 | 03:00