Leia a íntegra do manifesto “Este 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, não será marcado por nós com manifestações e gritos de protesto, mas por uma pausa silenciosa e reflexiva que nos permita perceber com a devida clareza o quanto caminhamos, se é que o fizemos. Instituído como um marco para registrar anualmente os avanços no processo da reforma psiquiátrica brasileira, a data de hoje, no Amazonas, não merece comemorações. Não porque não existam lutas e lutadores. Ao contrário, os resilientes partidários da Reforma, em seu sentido lato, mesmo cansados das corridas de obstáculos e atordoados na caminhada interminável pelo labirinto de discursos vazios, persistem e insistem na busca do que acreditam, impulsionados pela confiança daqueles a quem a sociedade negou não apenas voz, mas existência. A luta existe, sem dúvida. Mas, cerceados pela burocracia e pela ausência absoluta de respostas aos apelos que demandam ações, não encontramos suficiente espaço para lutar. À mercê dos humores e vontades daqueles que detêm o poder de efetivamente realizar mudanças fundamentais, nós experimentamos ao nosso modo a sensação de passageiros da Nau dos Loucos, vagando sem destino em um mar de indefinições. Por isso, marcamos este dia com silêncio. Talvez, calando temporariamente os reclamos, possamos permitir que as consciências falem e se traduzam não em palavras, mas em atitudes e atos que realmente justifiquem a existência de um movimento chamado “Reforma” Psiquiátrica, e mereçam ser comemorados em uma data como esta. Manaus, 18 de maio de 2004 Associação Amazonense de Psiquiatria Associação Amazonense de Psicologia Conselho Regional de Psicologia Projeto Encontro
Dia Nacional da Luta Antimanicomial
17/05/2004 | 03:00