O número de médicos do Estado de São Paulo denunciados ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) cresceu 75% em sete anos. O órgão divulgou nesta terça-feira um estudo sobre denúncias e processos contra médicos entre 2000 e 2006. Nesse período, o conselho levou a julgamento mais de um médico por dia, segundo o estudo. Foram 2.023 denúncias contra médicos no ano 2000 contra 3.559 em 2006, quando o Estado tinha 92.517 profissionais. De acordo com o estudo, o volume de denúncias transformadas em processos cresceu 120% no período. A especialidade com maior índice de processos é a cirurgia plástica –principalmente na área de estética–, seguida da urologia. Para fazer a análise das especialidades médicas relacionadas aos processos contra médicos que tramitaram no período do estudo, o Cremesp criou a taxa de processos ético-profissionais. Essa unidade de medida considera a freqüência da especialidade nos processos, o número de médicos especialistas e o tempo de formado desses profissionais. Segundo o presidente do Cremesp, o médico Henrique Carlos Gonçalves dois fatores contribuem para o aumento de denúncias e processos contra cirurgiões plásticos. “A maioria das queixas não é do aspecto científico da especialidade e sim, pela propaganda abusiva e pela promessa de resultados 100% seguros. Nada [na medicina] é totalmente seguro porque cada organismo reage de forma diferente, não se pode prometer resultados”, afirmou Gonçalves. De acordo com o presidente do conselho, a população tem de ficar atenta aos profissionais da estética que prometem a perfeição. “Isso não é realista. A orientação é procurar outro profissional”, disse o presidente. Má conduta O estudo do Cremesp revelou que 35% das denúncias e 43% dos processos contra médicos estão relacionados a suposta má prática profissional –negligência, imperícia ou imprudência do médico. Para o presidente do Conselho, o principal fator responsável pelo aumento das denúncias e processos contra médicos é a deficiência na formação dos profissionais, seguida da falta de recursos materiais. “As faculdades de medicina se proliferaram em dissintonia com a abertura de vagas para residência, que é o que habilitam os profissionais. Somente os seis anos de graduação não habilitam os médicos, eles precisam de uma habilitação maior, que conseguem com a residência”, afirmou Gonçalves. A falta de atualização profissional ao longo da carreira e a crescente demanda por serviços de saúde públicos e privados sem a devida melhoria na qualidade da assistência também são apontados como fatores que elevaram o índice de denúncias contra os médicos. No entanto, o presidente do Cremesp também aponta a maior conscientização da população sobre seus direitos como fator contribuinte para o aumento das queixas. Para fazer uma denúncia, o paciente deve procurar uma delegacia do Cremesp. Os endereços estão no site do conselho. Fonte: Folha On Line
Denúncias contra médicos em São Paulo crescem 75% em sete anos
10/10/2007 | 03:00