A demanda por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública em Pernambuco aumentou 70% entre janeiro e junho deste ano. Em janairo, havia uma média de 40 pacientes por dia à espera de vagas em UTI. Esse número pulou para 68 em junho, mês que registrou o maior número de requisições por leitos no ano. A grande maioria das demandas foi por vaga para UTI geral.
Esses dados integram um levantamento do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) sobre o histórico de demandas por leitos de UTI no Estado em 2011. O estudo foi apresentado nesta segunda-feira (04/07) pela presidente da instituição, Helena Carneiro Leão, em uma entrevista coletiva. Os dados são da própria Secretaria Estadual de Saúde (SES), repassados ao Cremepe graças a uma determinação judicial emitida em 2003.
O levantamento abrange as demandas por quatro tipos de UTI: a geral, a infantil, a neonatal e a de doenças infecto-parasitárias. De janeiro a junho deste ano, apenas entre março e abril a lista de espera por leito de terapia intensiva apresentou queda. Em janeiro, a demanda média por leitos de UTI foi de 40,3 pacientes por dia, passando a 55,2 em fevereiro. Em março, a média caiu para 44,2 e em abril, recuou mais um pouco, para 42,2 pacientes por dia. Em maio foi verificado um aumento agudo, 66,5, chegando a junho com 68,3 pacientes/dia.
Independentemente do mês, aproximadamente 80% da demanda de pacientes que precisam de UTI é para a do tipo geral, e a grande maioria necessita da terapia intensiva por traumatismos causados em acidentes, com destaque aos acidentes de trânsito. A segunda maior demanda é para UTI infantil, seguida pela neonatal e pela de doenças infecto-parasitárias.
Em junho, quando foi registrado o pico de requisições por vagas em UTI, 68,3 pacientes por dia, 55,3 delas foram para UTI geral, 11,5 para a infantil e 1,1 para a neonatal e a de doenças infecto-parasitárias. Mesmo em janeiro, mês com a menor demanda do ano, com a lista de espera por uma vaga em UTI de 40,3 pacientes por dia, 33,4 desses pacientes eram para UTI geral, 5,2 para a infantil, 1,7 para a neo-natal e 1,1 para a de doenças infecto-parasitárias.
A presidente Helena Carneiro Leão explicou que, com a divulgação dos dados, pretende lançar um alerta aos gestores da rede de saúda pública. Para ela, os números da fila de espera revelam não só a pequena quantidade de leitos de terapaia intensiva em Pernambuco, mas também a necessidade de se trabalhar a prevenção dos casos que levam os pacientes à UTI, principalmente os referentes a acidentes de trânsito.
Helena Carneiro Leão reconheceu o esforço para o incremento de leitos de terapia intensiva na rede pública em todo o Estado – nos últimos nove anos, a quantidade dobrou, chegando às atuais 729 vagas. Mesmo assim, ela entende como insuficiente a quantidade ofertada.
“Um Estado como o nosso contar com 729 leitos de UTI é muito pouco. Mas só ampliar o número de leitos não basta. Tem que enfrentar o problema na base. Os acidentes com motos, por exemplo, hoje são uma questão de saúde pública. É preciso trabalhar mais a prevenção dos acidentes de trânsito e interligar a rede hospitalar, que vai levar à diminuição dessa lista de espera”, afirmou ela.
A presidente informou que os dados do levantamento do Cremepe serão repassados ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e à SES. Ela disse que irá propor aos dois órgãos a formação um grupo de trabalho, com a participação do Conselho, para debater a ampliação do número de leitos de UTI e ações preventivas.
Duas propostas que a presidente considera como primordiais são a instalação de mais leitos de UTI no interior e a implantação da carreira de Estado para médicos. “Com isso, os profissionais podem se interessar a trabalhar no interior, sabendo que terá um plano de cargos e carreira pela frente”, avaliou.
Fonte: Cremepe