A quantidade de faculdades de medicina no Brasil mais que dobrou desde 2010, passando de 181 para 376, o que significa dizer que foram criadas mais escolas médicas em 12 anos (191) do que em todo o século passado. Levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que, nos últimos dez anos, cerca de 80% das novas vagas foram abertas em instituições privadas.

Fonte: adaptado de Informe Técnico N2 – novembro de 2020
“Nossa maior preocupação é com a qualidade dos novos cursos de medicina. Muitos deles não possuem corpo docente qualificado e não oferecem estrutura adequada aos alunos”, pondera o presidente do CFM, Mauro Ribeiro. Segundo ele, se todos os médicos que exercem a profissão aceitassem ser professores dos cursos de medicina em várias cidades onde foram autorizados, não haveria professores suficientes.
Segundo o levantamento, pelo menos um em cada cinco médicos formados nos últimos três anos registraram-se em uma Unidade da Federação diferente da qual se formaram.
“A abertura desenfreada de escolas médicas, sobretudo nos anos de 2013 a 2015, não foi capaz de induzir a permanência de médicos nas chamadas regiões de difícil provimento. O Brasil precisa rever suas políticas e programas de distribuição e fixação de médicos. Abrir novas escolas não resolveu e não resolverá o problema da saúde pública”, diz Ribeiro.
A expansão da oferta de graduação em medicina é um processo ainda em curso e foi intensificada após 2013, impulsionada por uma política de abertura de escolas médicas amparada no pretexto de reter médicos em áreas desassistidas e de menor densidade de profissionais por habitantes, como também mostrou a edição 323 do Jornal Medicina.
Entre 2013 e 2019, a taxa de aumento médio de vagas públicas para o curso de medicina foi de 5,2% por ano. A taxa de crescimento de vagas privadas no mesmo período foi de 13,2%, ou seja, 2,5 vezes maior.