Em uma plenária extraordinária realizada na noite de ontem, o Conselho Regional de Medicina do RN (Cremern) decidiu pela interdição ética do pronto-socorro do hospital Maria Alice Fernandes, no Parque dos Coqueiros. Por unanimidade, doze conselheiros estabeleceram que qualquer médico está proibido exercer a profissão no setor afetado pela medida. A decisão foi tomada após a constatação de que as condições de atendimento do pronto-socorro – no que diz respeito à quantidade de médicos – colocava em risco a vida das crianças. A recomendação é de que a escala conte com no mínimo três profissionais por plantão, mas o conselho constatou que o Maria Alice chegou a ter apenas um médico no período. “O conselho está se antecipando, para evitar malefícios à população. Estamos evitando que sejamos surpreendidos com o óbito de uma criança em um plantão destes. Os pediatras estão cansados”, justificou o presidente em exercício do Cremern, o cirurgião de cabeça e pescoço, Luiz Eduardo Barbalho de Mello, que também presidiu a plenária. Ele ressaltou ainda que a decisão foi tomada com base em fatos concretos, relatados pelo próprio corpo do diretor do Maria Alice e constatada na visita de um conselheiro à unidade. O primeiro-secretário do Cremern, Neuman Macedo, explicou que a medida é por tempo indeterminado, mas deverá ser suspensa assim que a direção técnica do hospital comunicar que a escala está normalizada. “A resolução é suspensa automaticamente, assim que o conselho for avisado. Não precisa nem uma outra resolução”, contou o membro da diretoria do Cremern. A interdição ficará valendo a partir de hoje, a partir do momento em que uma cópia da resolução for afixada no pronto-socorro, o que estava previsto para acontecer nas primeiras horas da manhã de hoje. A partir daí, os médicos estão proibidos de atuarem no pronto-socorro, mas podendo ser aproveitados em outros setores do Maria Alice Fernandes. “Sabemos que uma interdição é traumática. Mas não adianta querer responsabilizar o conselho por essa situação. Responsáveis são os gestores do sistema de saúde”, frisou Neuman Macedo. O médico que descumprir a determinação será alvo de um processo ético-profissional, cujo resultado pode ser uma punição que vai de uma advertência até a cassação do registro. O Cremern aconselha que as crianças sejam levadas para o hospital Santa Catarina. Por telefone, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE contatou o secretário estadual de Saúde, Adelmaro Cavalcanti, mas assim que se identificou, a ligação caiu. A partir daí, só se ouvia a mensagem de que o celular estava fora de área. Não é a primeira vez que a interdição ética de uma unidade médica é implantada no RN. Fonte: Tribuna do Norte (RN), publicado em 10/01/2008.
Cremern decide pela interdição ética no hospital Maria Alice
10/01/2008 | 02:00