O consumo de remédios sem prescrição médica e com base na indicação de farmacêuticos e balconistas foi criticado pelo presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Sidnei Ferreira. O posicionamento foi emitido após divulgação de estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação no Mercado Farmacêutico (ICTQ). A pesquisa apontou que 89% dos cariocas deixam de ir ao médico para consumir medicamentos prescritos por farmacêuticos. “O balconista vende medicações por interesse próprio, fazendo o que a gente chama de “empurroterapia”. Ele não tem capacidade para avaliar o paciente. Para não esperar, o paciente aceita” – explicou o conselheiro.
Para o levantamento, foram entrevistadas 2.548 pessoas em 16 capitais brasileiras de todas as regiões do país. Com 59%, Brasília ficou em segundo lugar e, em seguida, empatados (56%), estão São Paulo e Goiânia. Segundo o diretor de pesquisa do ICTQ, Marcus Vinicius de Andrade, os cariocas estão em busca de uma ajuda mais imediata, o que acaba induzindo o consumo a partir da prescrição farmacêutica como uma solução paliativa. Mas ele ressalta a importância de consultar um especialista para obter o diagnóstico.
“Quem ganha é o paciente, uma vez que estamos evitando a automedicação. Antigamente o paciente tinha preguiça de tentar ir ao hospital, pegava o analgésico sem nenhuma indicação profissional e tomava”, observa Andrade.
Crítica do Cremerj – O presidente do Conselho Regional concorda que a sobrecarga, a demora e a falta de recursos humanos no sistema público de saúde são estímulos para o doente buscar a automedicação ou a farmácia. No entanto, ele apresentou o problema que definiu como “fator balconista”.
Sobre essa questão, Andrade afirma que a dificuldade de identificação do farmacêutico pode, sim, gerar uma desconfiança da população no profissional. De acordo com o estudo, o Rio fica atrás somente de João Pessoa (55%) entre as capitais cuja população menos confia na prescrição farmacêutica, com 52%. Uma vez que não se consegue localizar o farmacêutico, o paciente conversa com o balconista, que não tem conhecimento de qual é o melhor medicamento.
“É preciso criar um consultório farmacêutico, diferenciar o profissional com um uniforme ou crachá. Criar um espaço para um atendimento clínico”, sugere o diretor de pesquisa do ICTQ.
* Com informações da agência Globo Online.