Pesquisa mostra que internação passa de 15 dias em 40% dos casos Quem já precisou de atendimento em hospital público conhece na prática um dado divulgado ontem pelo Conselho Regional de Medicina (Cremerj): 98% das emergências do Rio estão superlotadas. O número, que faz parte de uma pesquisa feita com 129 chefes do setor de 18 hospitais municipais, estaduais, federais e universitários do Rio, não é o único que chama a atenção. De acordo com o levantamento, 40% dos pacientes ficam mais de 15 dias internados nas emergências públicas, enquanto o período recomendado, nas unidades privadas, é de apenas 12 horas. O trabalho foi apresentado pelo Cremerj durante o VII Congresso de Emergências Médicas, em São Conrado. Representantes das secretarias estadual e municipal de Saúde estavam presentes. Segundo eles, as unidades precisam trabalhar mais integradas para evitar internações desnecessárias e em setores errados. – Falta compreensão, em todos os níveis, de que os hospitais devem funcionar dentro de uma regulação – disse o diretor do Hospital Municipal Salgado Filho, Yvo Perrone, que tem 30 anos de experiência em emergências e foi ao congresso representar o secretário de Saúde, Jacob Kligerman. A regulação da saúde pública no Rio também foi avaliada na pesquisa do Cremerj e, para 91% dos entrevistados, ela não é eficiente no estado. Segundo 60% dos chefes de emergência, é através do contato telefônico com outros colegas que eles conseguem transferir pacientes em estado grave; 25% conseguem vaga pela central de regulação. Em relação ao contato com o Corpo de Bombeiros, 62% afirmam que a relação de trabalho é boa. Sobre o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), 59% dizem que o contato é bom. O levantamento também avaliou a formação dos profissionais que trabalham nas emergências. Ao todo, 75% fizeram residência médica e 50% têm título de especialista; 83% fazem cursos de atualização e 36% têm entre 11 e 20 anos de trabalho em emergências. Ainda de acordo com a pesquisa, as equipes das emergências são consideradas incompletas por 77% dos entrevistados. A maior carência é de cirurgiões, clínicos, cardiologistas e ortopedistas. Entre os motivos que mais afastam os médicos da rede pública, 35% alegam salários baixos, 24% indicam a sobrecarga de trabalho, 20% reclamam da falta de condições materiais e 21%, da superlotação na emergência. – A falta de profissionais ficou clara durante a epidemia de dengue. Não temos do poder público o apoio necessário – disse Márcia Rosa de Araújo, presidente do Cremerj. Fonte: O Globo, publicado em 15/06/2008