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PORANGATU CRM inaugura delegacia Porangatu – Foi inaugurada ontem a Delegacia do Conselho Regional (CRM) de Medicina de Goiás de Porangatu. A unidade, a segunda aberta pelo conselho em Goiás, havia sido criada em Uruaçu, em 1997, e foi desativada há cerca de dois anos. Neste período, as atividades foram transferidas para a 8ª Regional, que funciona em Ceres. A inauguração da sede teve a participação da diretoria do CRM e de autoridades do município. O ortopedista Liélio Vieira Lessa foi escolhido como delegado regional. (O Popular, 15/05/05) Consumo de remédio para emagrecer cresce 500% Aumento foi identificado pela Jife, órgão da ONU que monitora a questão das drogas, e tem relação com a facilidade para adquirir esses medicamentos Isabel Czepak A facilidade na aquisição de remédios para emagrecer é um dos fatores responsáveis pelo aumento de 500% no consumo dessas drogas entre os brasileiros a partir de 1998. O crescimento do mercado foi quantificado pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), órgão incumbido pela Organização das Nações Unidas (ONU) de monitorar o cumprimento dos tratados internacionais antidrogas ao redor do mundo. Em relatório publicado em março, a Jife alerta para a venda indiscriminada das substâncias, que é feita até pela internet. As compras on-line são apenas uma das opções dos ávidos consumidores. Em Goiânia, existem serviços de telentrega nos quais é possível comprar anfetaminas (drogas anorexígenas) sem receita médica. Dependentes químicos misturam a anfetamina ao álcool para provocar alucinações. O coquetel também é usado por caminhoneiros que querem dirigir a noite inteira sem dormir. O disque-anfetamina foi citado em reportagem do POPULAR em abril de 2004. Hoje, um ano depois, continua em pleno funcionamento. Não importa se a fórmula exige receituário azul, a entrega é feita em 24 horas. Como também mostrou o POPULAR na reportagem do ano passado, a prescrição indiscriminada era prática comum entre alguns médicos da capital. Um profissional foi denunciado por realizar consultas coletivas (dois pacientes ao mesmo tempo), indicar a farmácia e fazer prescrições sem uma avaliação criteriosa do paciente. O Conselho Regional de Medicina de Goiás investigou a denúncia e abriu processo ético contra o médico. No dia 31, haverá audiência para ouvir as testemunhas de defesa. O nome do profissional não é divulgado porque o processo é sigiloso. Aumentam pedidos de receituário azul Possíveis mudanças na legislação relativa à venda de medicamentos controlados serão discutidas na próxima semana em Brasília, na 2ª Reunião da Câmara Técnica de Vigilância Sanitária promovida pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Goiás será representado pela superintendente de Vigilância Sanitária e Vigilância Ambiental, Maria Cecília Martins Brito, e pela gerente de Desenvolvimento Técnico em Produtos da superintendência, Ângela Maria de Miranda Melo Cardoso. No documento que será apresentado na reunião, Ângela Maria confirma o aumento no uso de anorexígenos (remédios para emagrecer) no Estado. Embora não tenha como quantificá-lo, a gerente diz que o crescimento é detectável em função do aumento no número de pedidos de blocos de receituários pelos médicos. Desde a publicação da Portaria nº 344/98, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), esses medicamentos só podem ser prescritos em receituário especial de cor azul com numeração controlada pelos órgãos de vigilância sanitária. “Temos observado um crescimento nos pedidos de receituário, especialmente por médicos da capital”, comenta. A ampliação do acesso à assistência à saúde, até com a criação de serviços especializados em obesidade, e a divulgação de informações sobre tratamentos para o problema são apontados por Ângela Maria como alguns dos fatores responsáveis pelo crescimento do consumo. A gerente discorda das críticas feitas pela Jife à regulamentação da venda de anorexígenos no Brasil. “A Portaria 344 separou o receituário dos produtos por cor, limitou a quantidade de medicamentos prescritos por receita e proibiu a associação de anfetaminas com outros medicamentos numa mesma prescrição.” No entanto, Ângela Maria concorda que é preciso tornar as normas ainda mais rigorosas. “É necessário aumentar as restrições em relação à prescrição e instituir punições mais rígidas para quem vende sem receita.” Hoje, o estabelecimento que comercializa anorexígenos sem receita está sujeito a multas acima de R$ 2 mil e à interdição. Ingeridos de forma inadequada, os anorexígenos podem causar dependência e até a morte. No fim do ano passado, uma mulher morreu no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) por causa de um tratamento para emagrecer. Ela tomou bebidas alcoólicas e, um dia depois, retomou o uso de anfetaminas. (O Popular, 14/05/05) MEDICINA NA UCG Entidades médicas se dividem O CRM apóia o novo curso de medicina criado em Goiás, mas o Sindicato dos Médicos sustenta que não há mercado no Estado para absorver mais profissionais HELOIZA AMARAL O Brasil conta com mais de 320 mil médicos em atividade (1 para cada 601 habitantes), dos quais 7 mil 403 atuam em Goiás. Mas o número de médicos formados e inscritos no Conselho Federal de Medicina (por meio de seus conselhos regionais) chega a 434 mil 519 médicos (em Goiás, são 11 mil 186). O grande número de médicos no país, motivado pela expansão do ensino médico a partir da década de 70, levou o Conselho Federal de Medicina a deflagrar uma luta nacional contra a abertura de novos cursos na área. Mesmo assim, a Universidade Católica de Goiás anunciou, na semana passada, a abertura de seu sonhado curso de medicina. A criação de um novo curso de medicina em Goiás ocorre no momento em que o Conselho Federal de Medicina, juntamente com os conselhos regionais, tenta não só barrar a abertura de novos cursos como também impedir que médicos formados em Cuba ou em outras faculdades latino-americanas atuem no Brasil sem revalidar o diploma. Em Minas Gerais, por exemplo, o Conselho Regional de Medicina, com o apoio do Ministério Público Federal, conseguiu que a Justiça determinasse o fechamento, na segunda-feira, 9, do curso de medicina da Unipac (Universidade Presidente Antônio Carlos), de Juiz de Fora, instalado sem autorização do Ministério da Educação. Não é o caso do novo curso de medicina goiano. Há 11 anos, a Universidade Católica vem tentando criar o curso de medicina. Só na semana passada, o Ministério da Educação (MEC) aprovou a realização de vestibular para o curso na entidade já no próximo mês de junho, com início das aulas no segundo semestre deste ano. “A UCG deu o primeiro passo para a criação do curso em 1994. Várias gestões tentaram implantá-lo e não conseguiram. Desta vez também não foi fácil. O Conselho Nacional de Educação não quis avaliar as condições da universidade sem verificar as instalações. Depois, o curso foi aprovado por unanimidade, mesmo assim, o MEC pediu parecer externo, coisa que nunca ocorrera antes”, diz. Ainda não foi definido o número de vagas que serão oferecidas, podendo variar entre 40 e 50 por semestre. A formação de cerca de 210 médicos por ano (100 da UCG, mais os 110 da UFG) é, no entanto, criticada pelo Sindicato dos Médicos de Goiás. De acordo com o presidente do sindicato regional, Heitor de Freitas, não há mercado de trabalho para tantos médicos no Estado, que tem mais profissionais que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde. (O número indicado é um médico por 1.000 habitantes, mas em Goiás existe um para cada 800 ou 900.) “Esses médicos não ficarão em Goiás, inclusive porque são poucas as vagas para residência médica no Estado”, avalia. Para Heitor de Freitas, os critérios adotados pelo MEC não são suficientes para avaliar a abertura de cursos de medicina. “É preciso que se analise a estrutura, se há hospital, biblioteca, laboratório, se o corpo docente é qualificado, com maioria de mestres e doutores”, enumera, acrescentando que também é necessário avaliar a proposta pedagógica do curso e sua relação com os demais cursos da área, como enfermagem, fisioterapia e psicologia. Segundo Heitor de Freitas, o curso da Católica não obedece a todos esses princípios. Além disso, o presidente do Sindicato dos Médicos observa que não basta o médico ter competência técnica, mas também ética. “Os cursos devem atentar para isso”, afirma. Sem residência — Formado pela UFG, o médico Renato Marques não conseguiu vaga para residência em radiologia no Estado e teve que se mudar para o Rio de Janeiro, onde testa seus conhecimentos de medicina nuclear no Hospital da Marinha. Apesar de concordar que não há vagas para residência médica no Estado, ele acredita que o curso de medicina da UCG é benéfico: “Desempregado nunca fiquei. O salário é baixo, mas sempre tive trabalho. A vantagem é que os alunos não precisarão deixar o Estado para depois voltar, como ocorre hoje”, analisa. O alto valor da mensalidade — que deve variar de 1 mil 800 reais a 3 mil reais — não deve assustar os estudantes, de acordo com Renato Marques. Para ele, o valor que as famílias gastam para manter os filhos fora supera a mensalidade do curso. O reitor da UCG concorda que o curso é caro, mas atribui isso ao custo que a universidade tem com as instalações e equipamentos necessários para a eficiência das aulas. “Não queremos desanimar quem não tem condições de pagar a mensalidade, afinal, oferecemos uma bolsa integral para cada dez alunos matriculados”, afirma Wolmir Amado. O presidente do Sindicato dos Médicos, Heitor de Freitas, concorda neste ponto com o reitor. Segundo ele, o valor do curso varia de acordo com a qualidade de ensino oferecida. “Se os professores são bons, têm que ganhar bem. É preciso também atualizar a biblioteca sempre. Minha preocupação é se esse dinheiro for usado para custear outros cursos além da medicina.” O reitor, Wolmir Amado, garante que 11 dos 18 professores do curso possuem mestrado ou doutorado. Além disso, a UCG, segundo ele, conta com outros 120 currículos de profissionais bem qualificados. Para o reitor, Goiás estava em desvantagem com relação a outros Estados brasileiros. “O Tocantins, por exemplo, tem três cursos de medicina. Goiás não podia ficar com um só”, defende. Sete professores participaram da organização do curso, que terá 12 semestres de duração (seis anos). A UCG afirma ter infra-estrutura para que o curso funcione. Segundo Wolmir Amado, já foi montada uma biblioteca especializada, além dos laboratórios da área de saúde da universidade, que funcionam em sua área 4, na Praça Universitária, e que serão disponibilizados também aos alunos de medicina. Nos dois primeiros semestres, os alunos utilizarão esses laboratórios para suas atividades práticas. Existe ainda a possibilidade de criação de uma área de saúde no Campus 2 da UCG, próximo ao Parque Atheneu. A partir do nono semestre, os alunos praticarão o que aprenderam na Santa Casa de Misericórdia e na rede pública municipal de saúde. (Os Cais do Finsocial e do Jardim Curitiba já estão confirmados.) Curso diferenciado — O curso, que foi autorizado pelo MEC, mas ainda não é reconhecido, será diferenciado, de acordo com o reitor da UCG, a partir da seleção. O vestibular não terá provas de matérias específicas. Os candidatos serão analisados por uma prova interdisciplinar. Além da prova de redação, haverá provas objetivas (marcando-se verdadeiro ou falso) de linguagem, códigos e ciências sociais (englobando português, língua estrangeira, história e geografia), ciências da natureza e matemática (química, biologia, física e matemática). Cada uma valerá dez pontos e a média será aritmética. As inscrições para o vestibular estarão abertas de 21 de maio a 3 de junho e custarão 99 reais. As provas serão realizadas nos dias 20 e 21 de junho. A Universidade Católica de Goiás espera que o reconhecimento do MEC venha com a conclusão da graduação pela primeira turma. O CRM aprova a criação do curso de medicina da UCG, tanto que seu presidente regional, Iliam Cardoso dos Santos, será um dos coordenadores do curso. Segundo o vice-presidente do CRM, Salomão Rodrigues Filho, curso de qualidade é bem-vindo: “O problema é a abertura de cursos que não oferecem condições para que o estudante se torne um bom profissional. No Tocantins, por exemplo, há cursos que nem têm a aprovação do MEC”. No seu entender, faltam boas escolas no país. “As melhores se concentram no Sul e Sudeste”, acrescenta Salomão Rodrigues. “Nenhuma entidade vai se opor à criação de um curso de medicina bom, como deve ser o caso da Católica”, opina. “O CRM é contra aqueles estudantes que, por não terem condições de enfrentar um vestibular, foram cursar medicina em Cuba e querem ter o diploma reconhecido sem revalidá-lo no Brasil”, diz. O Diretório Central dos Estudantes da UCG, segundo seu secretário-geral, Pedro Ivo Guerra Cordeiro, também apóia o novo. (Jornal Opção, 15/05/05)

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