Na manhã de segunda-feira (07/07), a equipe de fiscalização do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) visitou as instalações do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, e mais uma vez pôde constatar o mau funcionamento da assistência pública de saúde. Estiveram presentes no HGCA a vice-presidente e diretora do Departamento de Fiscalizações do Cremeb, Teresa Maltez, o tesoureiro do Conselho, José Augusto da Costa, e o médico fiscal, Ricardo Fernandes, além do delegado regional do Cremeb em Feira de Santana, Aderbal d´Aguiar.
A equipe de fiscalização foi recebida pelo diretor geral do Hospital, José Carlos Pitangueira, que é diretor do HGCA há um ano. Segundo Pitangueira, o maior dos problemas que limita o atendimento no Clériston Andrade é a falta de pessoal, não só de médicos, mas também de enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. Para o diretor, este problema só será solucionado quando houver uma equiparação dos salários oferecidos pelo Estado em relação aos salários oferecidos pela rede particular, e quando houver concurso para contratação, que segundo o mesmo, não acontece por falta de liberação do Ministério Público de Feira de Santana.
“Como se não bastasse a limitação de pessoal, ainda tem o grande volume de pacientes, pois todas as ocorrências da região vem para o Clériston, o que sobrecarrega o atendimento. Outro problema é a burocracia para conserto e manutenção de aparelho”, apontou Pitangueira.
Problemas – A visita ao HGCA constatou que os problemas são diversos, além destes apontados pelo diretor do hospital. Há falta de equipamentos em alguns setores, a exemplo da UTI Neonatal, que tem carência de monitores, respiradores e encubadoras de transporte. A estrutura física necessita de diversos reparos que podem ser vistos nas paredes e portas das salas e corredores, havendo também infiltrações e a ausência de ar-condicionado em diversas unidades superlotadas, a exemplo da emergência. Quando chove, berçário, sala de parto e UTI sofrem com alagamentos.
O delegado regional Aderbal por muito tempo trabalhou no HGCA e garantiu que os problemas são antigos, mas que vem se agravando com o aumento da demanda, além de alguns problemas na gestão da saúde pública. “O HGCA já foi referência em cirurgia de fratura exposta, e hoje as cirurgias ortopédicas só podem acontecer até as 17 horas, pois é o horário limite que o funcionário responsável pelo material está na ‘casa'”, afirmou. O diretor geral explicou que a gestão do material é feito por uma empresa terceirizada e que ela só dispõe de funcionário até este horário, mesmo já tendo sido solicitado pessoal para cobrir os demais horários.
Histórico recente – Os problemas no funcionamento do HGCA já vêm sido denunciados há algum tempo. Em julho de 2013, o Ministério Público Federal (MPF) em Feira de Santana/BA ingressou com ação civil pública em face do Estado da Bahia e da União para que sejam realizadas melhorias nos serviços oferecidos pelo Hospital.
Já em fevereiro deste ano, os médicos contratados pela Sesab através de Pessoa Jurídica e/ou Cooperativas, decidiram em assembleia, rescindir os contratos e entregar os postos de trabalho, mas depois de longas tentativas de negociação, conseguiram alterar o vínculo de trabalho para CLT.
Em maio, o Fantástico publicou uma matéria denunciando as péssimas condições dos hospitais públicos, dentre eles, o Clériston Andrade. Na oportunidade, o programa mostrou que pacientes ficam mais de cinco meses sem realizar exames de suma importância devido a não manutenção do tomógrafo do Hospital.
Segundo Aderbal, de 2006 a 2014, o Clériston Andrade teve mais de 17 diretores técnicos diferentes, o que mostra uma fragilidade administrativa nesta unidade. No próximo 15/07, o Cremeb participa de uma reunião às 10 horas com a Promotora de Justiça de Feira de Santana, Patrícia Moreira, com pauta única: irregularidades no Hospital Geral Clériston Andrade. A reunião acontecerá no escritório da promotoria de Feira de Santana.
Fonte: Cremeb