Diante da assinatura da Portaria nº 2.948 pelo ministro da Educação, Cristovam Buarque, reconhecendo os diplomas de tecnólogo em optometria emitidos pela Universidade Luterana do Brasil, da cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) deu início a uma grande campanha entre as entidades médicas e os parlamentares alertando sobre os danos que poderão ser causados à saúde oftalmológica da população e solicitando a colaboração de todos no sentido de dissuadir o ministro da decisão. “Enviamos comunicados ao próprio ministro da Educação, à Frente Parlamentar da Saúde e aos médicos e a repercussão tem sido muito boa. Também, na próxima segunda-feira (24 de novembro), nosso departamento jurídico entrará com uma ação cautelar no Ministério Público de Brasília, solicitando a anulação da portaria”, esclareceu o presidente do CBO, Elisabeto Ribeiro Gonçalves. Para Eduardo da Silva Vaz, diretor de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira (AMB), que tem o CBO como uma de suas Sociedades de Especialidade, a assinatura da portaria demonstra que o governo limitou-se a pensar nos interesses dos empresários da educação e no barateamento dos custos com a saúde pública. “Alguém que possui condições financeiras ou um plano de saúde não vai procurar um tecnólogo em optometria, vai a um bom oftalmologista. O tecnólogo vai servir a quem? À população mais pobre, porque os postos de saúde vão passar a contratá-lo, já que é um profissional mais barato. Só que ele só receita óculos”, afirmou. “A meu ver, isso só aumenta o fosso da desigualdade social que existe no Brasil. A luta deveria ser para que todos tivessem acesso a um bom oftalmologista e a uma consulta médica completa. Nem todas as patologias podem ser detectadas com um único exame e muito menos solucionadas, simplesmente, com uso de óculos”, completou Vaz. FONTE: AMB
Conselho Brasileiro de Oftalmologia realiza campanha contra portaria do MEC
21/11/2003 | 02:00