Para conter o avanço do crack no país é necessário um esforço conjunto entre as diversas esferas envolvidas e a criação de um sistema que trabalhe de forma integrada, desde a prevenção até a recuperação do usuário. É o que defenderam nesta quarta-feira (20) participantes do terceiro painel do ciclo de debates sobre o crack promovido pela Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outras Drogas.
Durante a audiência pública, o 1º vice-presidente do do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital Tavares Lima, apontou a necessidade de mais recursos para o combate às drogas e a definição de políticas públicas que integrem as áreas de justiça, saúde e assistência social. – Precisamos de um trabalho que não pode estar sobre os ombros exclusivos do governo, mas de toda a sociedade civil – disse.
De acordo com o vice-presidente, há uma carência de tratamento na área de dependência química. Segundo ele, é preciso priorizar os Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) e ampliar o acesso do dependente químico a esses locais.
Para o 3º vice-presidente do CFM,. Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, que representou a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Ministério da Saúde ainda não conseguiu estruturar um sistema efetivo para o tratamento de dependentes em crack. Ele também criticou a falta de grupos multidisciplinares de profissionais nos Caps e em unidades destinadas ao tratamento de dependência química. – Nós precisamos de ações que funcionem de forma harmônica e integrada, hoje a gente não tem – assinalou.
Para o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), José Luiz Gomes Amaral, é preciso reorganizar as estruturas de atendimento aos usuários e capacitar os profissionais de saúde de todas as áreas. Ele destacou ainda que as políticas de saúde pública e o tratamento de dependentes do crack devem ter como foco a reinserção social, criando oportunidades de estudo e trabalho para os indivíduos em tratamento. – No tratamento desses pacientes não se pode colocar em segundo plano a questão da reinserção social, de tal forma a permitir que o jovem seja reintroduzido nas escolas e requalificado para o trabalho – salientou.
Perfil – Outra dificuldade no combate ao crack apontada pelos debatedores é a falta de dados oficiais sobre o número de vítimas e o perfil dos usuários. Carlos Vital Lima citou levantamento, em curso, do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) que indica o crescimento do consumo do crack no país desde 2005. De acordo com dados preliminares, mais de 1% da população brasileira já consumiu a droga. – Naquele momento, em 2005, este índice deveria estar em torno disso, 0,5%, 0,7% – assinalou o representante da CFM.
Proposta – Conforme informou o presidente da subcomissão, senador Wellington Dias (PT-PI), ao final do ciclo, o colegiado pretende organizar uma conferência nacional que terá por objetivo apresentar uma proposta de enfrentamento do crack.
Fonte: Agência Senado