No intuito de promover um maior envolvimento dos dirigentes médicos de unidades de saúde quanto à importância da compulsoriedade na notificação de doenças, o CREMAL e SESAU realizaram, a 02 de dezembro no Hotel Matsubara, o Colóquio: “o médico e a notificação de doenças”. O presidente do CREMAL, Dr.Emmanuel Fortes, iniciou sua exposição ressaltando a importância de um maior compromisso médico com a notificação compulsória, pois as falhas na notificação de doenças afetam diretamente as políticas de saúde pública, prejudicando um atendimento adequado às reais necessidades da população. A coordenadora geral de epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Lúcia Barbosa, fez uma explanação sobre a atual situação da notificação de doenças nas unidades de saúde da capital, fazendo um comparativo entre os quadros das notificações dos VII Distritos Sanitários do Estado. Pôde-se observar que, em alguns municípios, não há se quer uma notificação realizada, e os que o fazem, ainda estão longe do ideal. Esse quadro é conseqüência de uma série de deficiências no preenchimento das fichas de notificação, atrapalhando o processo de investigação, tais como: falha na solicitação de exames para diagnóstico, não acompanhamento e diagnóstico tardio, atraso no envio, sem a data do início dos sintomas, etc. A Dra.Dayse Mércia C. de Oliveira, da Secretaria Estadual de Saúde, e o Dr.Jairo Calado, Coordenador da Câmara Técnica de Saúde Pública do CREMAL, expuseram os procedimentos, instrumentos e critérios exigidos para a notificação compulsória, seus componentes e o correto preenchimento, além dos fluxos e uso da informação. As freqüentes subnotificações são conseqüência de uma das maiores dificuldades detectadas: a sobrecarga nos locais de atendimento e o fato das fichas de notificação serem extensas. O Dr. Celso Tavares expôs os aspectos clínicos e epidemiológicos da Dengue, e o Dr.Carlos Brito completou com algumas particularidades no diagnóstico da doença, traçando paralelos com casos já estudados. Constatou-se que há uma certa urgência com relação a um planejamento mais efetivo por parte dos gestores, pois, cerca de 90% das ações implementadas pelas políticas de saúde pública são baseadas nos dados epidemiológicos. Os indicadores de Saúde são uma ferramenta para se conhecer a situação de saúde de uma comunidade, suas particularidades, para que, dessa forma, se possa adotar medidas de intervenção capazes de promover mudanças significativas. Daí a extrema importância de um evento dessa categoria, que proporcione uma reflexão profunda acerca dos fatores que prejudicam ações mais eficazes.
COLÓQUIO DISCUTE O PAPEL DO MÉDICO NA NOTIFICAÇÃO DE DOENÇAS
07/12/2004 | 02:00