“A questão do conflito de interesses entre medicina e comércio não é antiética. O problema reside na resolução e na distinção dos interesses primário e secundário, que colocam o médico em situações de risco. O desvio pode ser chamado de corrupção e a forma de proteger esses profissionais é com um Código de Ética que eduque e previna o interesse secundário”, afirmou Ylmar Corrêa Neto, conselheiro do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, no painel Conflito de Interesse Medicina X Comércio, da IV Conferência Nacional de Ética Médica (IV Conem). O debate foi mediado por Roberto d´Ávila, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), e presidido por Cid Célio Carvalhaes, presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp). Conflito de interesses é definido como “um conjunto de circunstâncias onde se cria risco de que o julgamento ou as ações profissionais visando um interesse primário sejam influenciados indevidamente por um interesse secundário, de acordo com o Instituto de Medicina, braço médico da Academia de Ciências dos Estados Unidos. Ylmar destacou que o interesse secundário nem sempre é ilícito, ressaltando que a iniciativa privada está participando cada vez mais do universo da medicina. Ele estimou que os laboratórios investem de R$ 40 milhões a R$ 80 milhões no desenvolvimento de um novo medicamento. Também ressaltou a redução da contribuição do governo para as pesquisas em saúde e educação continuada. Nos Estados Unidos, 7% do montante gasto em pesquisa vinha do governo, em 1970. Após a Segunda Guerra Mundial, esse número havia caído para 2/3 do que era empregado na atividade. Atualmente, estima-se que apenas 40% desse fomento seja proveniente de fonte governamental. Na área da educação continuada, o governo americano subsidiava 34% dos treinamentos e, em 2007, metade do que se gasta com treinamento é bancada pela indústria. “No Brasil, não temos dados precisos, mas sabemos que é inviável ações nesse sentido sem o apoio dos laboratórios, o que não significa que não tenhamos que regulamentar a educação continuada”, ponderou Ylmar. Mais enfático em sua explanação, Luiz Roberto Londres, diretor-presidente da Clínica São Vicente, acredita que a medicina transformou-se em comércio ao longo do tempo e, quando isso acontece, desaparece a missão médica e instala-se a corrupção. “A situação está caracterizada e somos brandos em relação a isso”, criticou. Em sua visão, no passado, a própria escolha da carreira revelava a existência de valores e sentimentos mais condizentes com a missão social e humanística da medicina. “Ações médicas serão totalmente obscurecidas pelo discurso prioritariamente econômico, levando a medicina a seu reboque”, opinou. Para Londres, os médicos perderam espaço para o mercado, os financistas, os atuários e os administradores. E, com a conduta médica distorcida, os protagonistas passaram a ser os investidores. Nesse jogo, quem estaria dando as cartas são os intermediários, no caso, as seguradoras de saúde, descaracterizando a atividade. Em sua concepção, o caminho para que a medicina deixe de ser comércio é principalmente definir de que lado estamos: do ser humano ou dos negócios. Além disso, também seria necessário escolher a precedência de valores, reformular a formação médica com obrigatoriedade de ciências humanas no currículo, maior rigor aos novos médicos na concessão da licença para praticar a medicina, não abandonar os princípios essenciais da medicina e não distorcer a atividade médica. Fonte: Cremesp

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