
O professor João Manuel tinha 67 anos e deixa esposa, a médica Maria Isabel da Fonseca Martins, quatro filhos – dois deles médicos – e netos. O velório acontece na tarde de terça-feira, na Capela Vaticano, em Curitiba. A cerimônia de cremação está prevista para ter início às 20h00. Professor de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná há mais de 40 anos e membro da Academia Paranaense de Medicina, o médico tinha recebido as principais condecorações do Conselho Regional do Paraná e do Conselho Federal em reconhecimento ao seu trabalho.
Pelo CRM-PR, ele recebeu, em 2010, a Medalha de Lucas – Tributo ao Mérito Médico. Em outubro do ano passado, durante o III Congresso Brasileiro de Humanidades em Medicina, realizado na Bahia, ele foi homenageado pelo CFM, que lhe conferiu a Comenda Moacyr Scliar de Medicina, Literatura e Artes. Ainda durante o Congresso de Humanidades, o CFM lançou a obra “Primeiras Impressões – Iátrico em perspectiva”, de sua autoria. Em 2009, o Conselho Federal tinha lançado outro de seus livros: “Jaculatórias, sugestões para o dia a dia do médico”.
PERSEVERANÇA
Nascido em junho de 1947 num pequeno vilarejo de Portugal, ele emigrou para o Brasil ainda criança, no início dos anos 50. Os pais José e Maria do Carmo Martins radicaram-se na região de Londrina, no Norte do Paraná. A origem humilde e as dificuldades financeiras não o impediram de realizar o sonho de se tornar médico. Estudou em Curitiba, onde estavam as duas únicas escolas de graduação do Estado na época. Ele se graduou em 1971 e logo foi convidado para integrar o corpo docente da Católica, atual PUCPR, onde permaneceu até recentemente, afastando-se por problemas de saúde. Era especialista em reumatologia e clínica médica.
As incursões na arte das palavras começaram ainda na fase acadêmica, quando fez circular entre os estudantes o jornalzinho “O Crânio”, que tinha seu viés político num momento em que o País vivia sob o regime militar. Em 2002, convidado pelos conselheiros Luiz Salim Emed e Gerson Zafalon Martins, o médico João Manuel aceitou o desafio de criar um canal de interação com a categoria, em especial os mais jovens.
Primeiro, produziu um livreto com “dicas” para os profissionais, depois passou a produzir um encarte no Jornal do CRM-PR, que ganhou o sugestivo nome de “Iátrico”. “Mais que focar na cultura, nas artes e na profissão, o espaço pretendia estimular o médico e o estudante de Medicina a ler, a exercer seu senso crítico, a formular ideias, a pensar num futuro, o seu, o de seus pacientes, e o da atividade médica. A coluna ganhou corpo, virou encarte e repercutiu tanto, positivamente, que foi transformada em revista, que este ano chegou a 34 edições nos meios físico, eletrônico e científico, completando trajetória de 12 anos”, relembra Gerson Zafalon.