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    1. Jeancarlo Cavalcante, coordenador da Comissão de Inteligência Artificial do CFM

Como parte integrante de uma série de debates sobre o impacto da Inteligência Artificial na revolução do cuidado médico, o Conselho Federal de Medicina (CFM) promoveu, na manhã desta terça-feira (03), a mesa “O futuro tecnomoral na medicina”. A atividade teve como moderador o vice-corregedor do CFM, Francisco Cardoso, e integrou a programação do I Fórum sobre Inteligência Artificial.

A primeira apresentação do bloco ficou a cargo do 3º vice-presidente e coordenador da Comissão de Inteligência Artificial do CFM, Jeancarlo Fernandes Cavalcante, que apresentou a palestra “Os pilares da IA na atualidade”. Declarando-se um apaixonado pela Inteligência Artificial e o seu uso na medicina, o conselheiro mostrou otimismo: “as pessoas estão cada vez mais ansiosas com o futuro da Inteligência Artificial, sempre pensando que as coisas serão cada vez piores. Nós não podemos pensar assim. A inteligência artificial veio para nos ajudar, para termos diagnósticos melhores, para nos auxiliar. Afinal de contas, é uma inteligência computacional, uma inteligência aumentada”, defende.

Mariana Petaccia, médica patologista da Rede D’Or

De acordo com Jeancarlo, os três pilares da Inteligência Artificial na medicina são a medicina de precisão, o AlphaFold e o Digital Twin. A medicina de precisão tem o potencial de contribuir na exatidão dos diagnósticos, auxiliando em diferentes áreas e favorecendo, por exemplo, a identificação/tratamento de doenças raras. O AlphaFold, programa desenvolvido pela Google DeepMind, é um sistema de aprendizagem profunda que analisa a sequência de bases nitrogenadas da proteína. O Digital Twin, ou gêmeo digital, é usado para simular determinadas ações em um objeto físico, sendo útil para ajudar a prever, por exemplo, os efeitos de determinadas intervenções nos pacientes. “Você pode pegar o genoma de uma pessoa, pegar os exames bioquímicos dela e criar digitalmente um clone, um gêmeo, e fazer interações com ele. É possível testar, por exemplo, uma droga da oncologia. Ele vai dar uma noção muito próxima de como vai reagir aquele paciente. É a ciência de dados utilizada para simulações e para prevermos o que pode acontecer mediante uma intervenção”, explica.

A palestra seguinte tratou das fronteiras da genômica com a Inteligência Artificial, e foi conduzida pela médica patologista da Rede D’Or, Mariana Petaccia. Em sua apresentação, a médica abordou aspectos da rotina dos profissionais da especialidade, indicando ferramentas e procedimentos utilizados no estudo das alterações morfológicas de células e tecidos para o diagnóstico de malignidades e a identificação da melhor linha para a sequência terapêutica. “Todo esse sistema de bioinformática, de processamento, é muito laborioso, existe uma quantidade muito grande de informações, e hoje a gente já tem a Inteligência Artificial potencializando todas essas análises a partir de um aprendizado profundo”, destaca.

Cardiologista Ricardo Moraes

De acordo com a médica, alguns dos benefícios trazidos pela confluência entre a Inteligência Artificial e a genômica são a rapidez/precisão nos resultados, a redução do número de erros na detecção da malignidade, a escolha do melhor tratamento e a otimização da rotina dos profissionais. “Existem muitos desafios na genômica, como a identificação das variantes genéticas estarem sujeitas a erros, e nós temos que procurar ferramentas para amenizar essa situação. A interpretação por impacto sempre é um desafio muito grande, principalmente para genes menos comuns. A genômica pode aumentar essa acurácia, extrair conhecimentos complexos, juntar esses dados e permitir sua escalabilidade”, argumenta.

Dando sequência ao debate, a terceira palestra da mesa teve como tema a Inteligência Artificial Multimodal na decisão clínica, sendo ministrada pelo cardiologista Ricardo Moraes. O médico afirmou que a medicina baseada predominantemente em evidências e estatísticas está sendo, cada vez mais, substituída por uma medicina algorítmica, salientou que um dos maiores desafios existentes hoje é a integração de dados e defendeu o uso de ferramentas de IA para o processamento/combinação de informações de diferentes fontes e tipos. “Com a Inteligência Artificial, que vai juntar essas informações, eu consigo ser muito mais assertivo para poder chegar ao diagnóstico final. Eu vou ver coisas que eu não estou vendo. O multimodal vai fazer esse compilado com a anamnese, com a história clínica, com a história do prontuário, com a história da imagem, a união do eco com o raio-x, com a tomografia, tudo numa decisão única”, explica.

Segundo Ricardo, com o desenvolvimento das tecnologias e o avanço da Inteligência artificial, o mundo está vivendo uma “Medicina 6P”. Uma medicina muito mais preventiva (com foco em evitar as doenças antes que se manifestem), participativa (transforma o paciente em protagonista ativo da sua própria saúde), precisa (com tratamentos direcionados e específicos), personalizada (considera o perfil genético e as particularidades de cada pessoa), preditiva (utiliza dados para antecipar riscos de saúde com precisão) e planetária (reconhece a interdependência entre a saúde e a sustentabilidade ambiental). “O cenário não tem volta e o nosso objetivo é cada vez mais utilizar a tecnologia para melhorar o cuidado e não nos tornarmos irrelevantes para o paciente”, conclui.

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