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Conselho Federal de Medicina

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Como parte da programação do I Fórum sobre Inteligência Artificial, o Conselho Federal de Medicina (CFM) promoveu, na manhã desta terça-feira (03), a mesa de debates “Letramento em IA e o futuro do trabalho na saúde”. A discussão teve como moderador o médico e especialista em IA, Gláucio Nóbrega, e foi secretariada pela conselheira federal de Santa Catarina, Graziela Schmitz Bonin. 

Abrindo as discussões, o moderador Gláucio Nóbrega destacou a importância da saúde e, mais especificamente, da medicina, na produção dos dados que são a matéria-prima da Inteligência Artificial. Segundo números apresentados pelo médico, a saúde gera um terço dos dados atualmente existentes, e 90% desses dados foram produzidos nos dois últimos anos. “Como eu sempre digo, a inteligência artificial nos pertence. Nós temos que conhecê-la, temos que usá-la em benefício da saúde do povo brasileiro,  da saúde do nosso paciente, da saúde que tem tantos desafios em nosso país de dimensões continentais”, comenta.  

A primeira palestra teve como tema os fundamentos da Inteligência Artificial e a construção de raciocínio com a IA generativa. O palestrante, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Chao Wen, explicou que a Inteligência Artificial generativa se relaciona à capacidade de se criar algo novo a partir de resultados. “Ele tem capacidade de explorar ideias complexas com rapidez, gerar esboço de textos, códigos e resumos, apoiar pensamentos críticos com contrapontos. Eu não estou falando sobre informação, é pensamento crítico. Simular cenários, explicar conceitos, revisar argumentos, tudo vai depender do que vocês fizerem”, explica.

Entusiasta do uso da Inteligência Artificial generativa na medicina, o professor destacou a importância de utilizá-la da maneira certa, deu exemplos práticos de como o médico pode elaborar as melhores perguntas para chegar ao diagnóstico preciso do paciente e foi enfático ao afirmar que a medicina não está ameaçada pelas novas tecnologias. “IA não pensa, mas pode ser nossa parceira para pensar melhor. Formulem boas perguntas, verifiquem fontes e usem o IA para dialogar com suas próprias ideias, não para substituí-las. Quem domina o raciocínio crítico, domina o IA. Quem só copia, será substituído”, argumenta.

A segunda apresentação teve como tema o futuro do trabalho médico na era da Inteligência Artificial e foi conduzida pelo médico e especialista em Machine Learning, Francisco Chagas Neto. O conferencista afirmou que a IA tem o potencial de ampliar sentidos e resolver problemas. “Ela faz com que o médico enxergue aquilo que era invisível”, defende.

Refletindo sobre os impactos da Inteligência Artificial no mercado médico, Francisco defendeu que os profissionais tenham empatia e não negligenciem o contato com o paciente. “O paciente entra, você abaixa a cabeça e começa a escrever. Parabéns, para fazer isso aí, o robô faz, e melhor do que você. Se preocupe com o paciente, seja um médico. A IA pode até automatizar, mas ela não vai substituir o valor humano!”, afirma.

No que concerne às ameaças trazidas pela IA, o conferencista citou o risco de alienação médica e o desemprego tecnológico. Como antídoto para o primeiro, ele citou o pensamento crítico, essencial para que os médicos analisem dados e identifiquem se as informações recebidas estão corretas ou não. Sobre o desemprego tecnológico, Francisco Chagas foi categórico: “existem várias e várias frases famosas. As pessoas falam que o robô não vai te substituir, mas quem vai substituir você é um outro médico que usa IA. E está correto, essa é a frase. Exemplo fácil para todo mundo entender:  eu tenho um patologista que analisa 15 lâminas. O patologista usando a IA analisa 200 lâminas. Ou seja, eu não preciso de 500 patologistas mais, eu preciso de dez. Os outros 490 vão ter que ressignificar a carreira”, conclui.

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