A discussão sobre o índice de cesáreas no Brasil é o tema do Fórum sobre Atendimento ao Parto na Saúde Suplementar, realizado no Conselho Federal de Medicina nesta quinta-feira (4). Participaram da abertura o conselheiro Gerson Zafalon Martins, representando o presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade; o presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Fausto Pereira dos Santos; e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Dirceu Raposo de Mello. O debate sobre o assunto com a classe médica foi um pedido da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) à Comissão de Parto Normal do CFM. A taxa de partos cesáreos na saúde suplementar no Brasil é de 80%, considerado alto pela Organização Mundial de Saúde, que recomenda uma taxa de 15%. O coordenador da Comissão de Parto Normal, José Fernando Maia Vinagre, explicou que “o CFM realiza o Fórum para ampliar a discussão sobre o tema com médicos, estudantes de Medicina, usuários de planos de saúde, além das sociedades de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia sobre os aspectos éticos e bioéticos que envolvem o tema”. Na abertura, o conselheiro Gerson Zafalon falou sobre a atuação dos médicos no momento do parto. Segundo ele, “o papel do médico deve ser interpretado como um agente de uma sociedade que não quer ter dor. Vamos aproveitar este fórum para ver exatamente o que nossa sociedade quer”. E fez uma observação: “quando a opção da mulher for pela cesárea, o obstetra deve orientá-la que o parto não deve ser feito com data marcada. Tem que ser feito no dia certo, com o bebê tendo atingido a maturação e o peso adequados”, afirmou. No período da tarde, as mesas abordaram a visão científica e a visão da sociedade e operadoras. Denise Gomes Cidade, Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) falou sobre o ensino da obstetrícia na Residência Médica e Olímpio Barbosa, da Federação Brasileira as Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Representando a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Paulo Nader abordou a associação entre a cesárea eletiva e problemas de morbidade respiratória para o recém-nascido. A visão da sociedade e das operadoras foram apresentadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (Martha Oliveira), Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Sérgio Vieira) e Conselho Nacional de Saúde (Jurema Werneck). Como balanço houve avanço considerável das discussões, com assuntos pendentes que foram superados. Está previsto para o início de 2009 a realização de um novo Fórum.
CFM discute atendimento ao parto na saúde suplementar
04/12/2008 | 02:00