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A injeção de células-tronco no coração de cinco pacientes cardíacos que aguardavam transplante no Rio de Janeiro fez com que quatro deles dispensassem a operação. A terapia é o novo resultado de uma pesquisa desenvolvida no hospital Pró-Cardíaco, no Rio, que abre perspectivas para o tratamento de pessoas com doenças cardiovasculares. As células-tronco (capazes de se transformar em vários tipos de tecido) extraídas da medula óssea e implantadas no coração dos pacientes regeneraram tecido do miocárdio (músculo cardíaco) e criaram novos vasos sangüíneos. A possibilidade de recuperação sem a necessidade de transplante -um processo longo e complexo- é um sinal de esperança emitido pela pesquisa, a primeira nesses moldes feita no mundo. “A realidade ainda é o transplante cardíaco. Mas acreditamos que, em dois ou três anos, seja factível trabalhar em larga escala”, disse ontem, durante o anúncio dos resultados, o médico Hans Fernando Dohmann, diretor científico do Pró-Cardíaco e coordenador da pesquisa, realizada em parceria com Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Texas Heart Institute, nos EUA. O Ministério da Saúde pretende reunir várias instituições para discutir a ampliação do trabalho. Esse anúncio pode ser feito já no Congresso Brasileiro de Cardiologia, que começa domingo no Rio. O estudo foi feito com 21 pacientes. Sete ficaram no chamado grupo de controle: foram tratados por métodos convencionais, sem receber células-tronco, o que permitiu aos médicos constatarem que sua recuperação ficou aquém da dos outros pacientes. Dos 14 que receberam injeções, dois morreram no primeiro ano do tratamento. A família de um deles, morto em razão de um derrame cerebral, autorizou a necropsia. Com ela, os médicos puderam visualizar os efeitos das células-tronco após 11 meses. Constataram que a área doente diminuiu bastante graças ao surgimento de novos vasos sangüíneos. Os médicos também viram a criação de vasos e a transformação das células-tronco em células do músculo cardíaco. Outros exames, como testes ergométricos, mostraram o aumento do consumo de oxigênio por parte dos pacientes. Eles foram determinantes para retirar quatro pacientes da fila do transplante. “Eu não conseguia nem subir escadas. Hoje caminho 4 km em dias alternados e trabalho dez horas por dia”, conta Nélson Rodrigues dos Santos Águia, 71, o primeiro brasileiro a receber células-tronco no coração. Seu caso já havia sido apresentado em 2002 pela equipe do hospital e da UFRJ. As células foram retiradas da medula óssea dos próprios pacientes, evitando rejeição. Células-tronco também podem ser obtidas de embriões -prática já autorizada em alguns países e em discussão no Congresso. “Existe um grande potencial no uso das células embrionárias, mas é preciso lembrar que são células de outro indivíduo, logo pode haver rejeição”, ressalva o biólogo Radovan Borujevic, da UFRJ, outro coordenador da pesquisa. A mesma equipe começou há quatro meses uma segunda pesquisa: está injetando células-tronco em pacientes recém-infartados, procedimento que já é aplicado com sucesso na Alemanha. Os resultados devem ser anunciados no início de 2005. O Pró-Cardíaco tem uma fila de interessados em se submeter às injeções. Os médicos esperam que o governo autorize a pesquisa em outros hospitais, ampliando as alternativas. Da Assessoria de Imprensa do Cremepe. Com informações da Folha de São Paulo.

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