Em fevereiro de 2004, a Comissão Regional de Implantação (CRI) se reuniu com as diretorias dos departamentos de especialidades na Associação dos Médicos de Santos (AMS) para falar sobre a implementação da CBHPM. A decisão da maioria foi iniciar os trabalhos de implantação pela Unimed Santos. O principal argumento para tal decisão foi porque a Unimed é uma cooperativa onde todos os donos são os próprios médicos. Acreditamos que a implantação deveria começar pela nossa própria casa para dar o exemplo e encarar os outros planos com mais determinação. Durante o mês de março, realizamos várias reuniões com representantes da diretoria da Unimed, mas pouco avançamos além da boa intenção. As principais dificuldades argumentadas pelos representantes da Unimed foram: 1- A singular de Santos atende em sistema de intercâmbio com outras singulares. A implantação isolada da nova classificação seria impossível, pois inviabilizaria o referido intercâmbio, que representa na nossa região em torno de 35% do atendimento. 2- A solicitação abusiva de exames complementares, assim como o elevado índice das internações emergenciais por um segmento significativo de cooperados aumenta, em ritmo e proporção crescente aos gastos operacionais com hospitais e SADT, reduzindo o que sobra para ser distribuído como UTV (Unidade de trabalho variável) aos cooperados. 3- A ação muito tímida das entidades médicas para inibir tais abusos, principalmente do CRM que há um tempo atrás se manifestou desfavorável à implementação da Meta Referencial. Apesar dos obstáculos referidos, a CRI persistiu no objetivo da implantação e na Assembléia Geral Ordinária estatutária da cooperativa, realizada em 29 de março de 2004, o plenário aprovou a realização de uma Assembléia Geral Extraordinária (AGE) específica sobre a implantação da CBHPM para o dia 26 de abril. A CRI participou de quatro reuniões prévias com a diretoria da Unimed com a finalidade de levar propostas objetivas, concretas e consensuais para a AGE. A diretoria baseada em estudos realizados pela Confederada procurou justificar o seu posicionamento de ser a favor, mas não poder implantar. Conseqüentemente, apesar dos insistentes pedidos da CRI, a diretoria da Unimed chegou a AGE sem uma proposta definida. Para preencher este provável vácuo, a CRI preparou suas próprias propostas baseadas, principalmente, nos seguintes princípios: Responsabilidade, realismo e firmeza no objetivo, mas com flexibilidade para o diálogo. As propostas da CRI foram as seguintes: 1 – Início da implantação da CBHPM dentro do sistema de informática da Unimed de Santos, a partir da presente data (26 de abril, dia da AGE) com um prazo médio de três meses para a conclusão dos trabalhos. 2 – Formação de uma sub-comissão com representantes das entidades médicas para que junto ao Conselho Fiscal e Diretoria, acompanhe e colabore com as medidas que viabilizem a implantação, assim como torná-las de conhecimento dos demais cooperados, quando pertinentes, através dos meios de comunicação da própria Unimed. 3 – Declarar a Unimed de Santos em estado de Assembléia Geral Permanente. 4 – Enquanto a CBHPM não for integralmente implantada, isto é, dentro do CPD e na prática diária, implantar medidas econômicas para aumentar o montante das sobras de onde resulta a UTV distribuída entre os cooperados. A – Limitar as despesas administrativas que atualmente custam cerca de 20% a um máximo de 14% das despesas gerais. B – Destinar para as sobras toda a arrecadação auferida dos aumentos autorizados pela Agência Nacional de Saúde (ANS), a partir da presente data (no caso 26 de abril). Devemos considerar que nos últimos anos todos os aumentos cobrados pelos planos de saúde foram destinados a outras despesas e, praticamente, nada foi repassado ao médico. 5 – Diminuir consistentemente as despesas hospitalares e com SADT por meio de um trabalho conjunto de conscientização e racionalização entre as entidades médicas, departamentos e sociedades de especialidades e a própria diretoria da Unimed porque somente assim, solidária e responsavelmente, poderemos implantar integralmente a CBHPM. 6. Revisão do item “preocupações” apontados pelo Conselho Fiscal do exercício 2003. Todas as propostas foram aprovadas por unanimidade. As entidades médicas já criaram a sub-comissão específica formada pelos colegas João Sobreira, Jorge Carneiro, Alauri Bertini, Luis Arnaldo Vanzato e Evandro Soares. Os mesmos dedicarão parte do já exíguo tempo que ainda dispõe sem ganho financeiro algum em prol da classe como um todo. Esta comissão inicia seus trabalhos a partir do dia 4 de maio de 2004 e emitirá um relatório semanal à CRI, que em conjunto poderá convocar assembléia geral quando considerar pertinente ou necessário. A CRI acredita que esta seja a primeira Unimed que faz uma AGE para implantação da CBHPM e que a determina o que a diretoria deve fazer para a implementação integral. Programação de apoio das entidades médicas para implantação da CBHPM – Convocação de reunião dos departamentos científicos de especialidades para que o conselho técnico da Unimed: apresente claramente as dificuldades e os abusos observados em cada especialidade. – Procurar juntos soluções razoáveis apoiadas em consensos científicos na medicina baseada em evidências no programa Diretrizes do CFM/AMB. – Recompor o Conselho de Especialidades da Unimed com colegas realmente comprometidos com a defesa e a evolução científica da especialidade, mas com racionalização e lógica na utilização dos recursos farmacológicos e tecnológicos disponíveis. A CRI entende claramente que os métodos clínicos de anamnese e exame físico são insubstituíveis na relação médico-paciente e que os exames complementares devem ser solicitados com lógica e racionalidade, pois existem evidências de que os mesmos podem se tornar prejudiciais quando requeridos sem critérios. Consideramos necessária a conscientização de todos de que os recursos destinados à saúde seja no SUS, no sistema suplementar ou particular, são escassos e limitados e devem ser utilizados com critério. Dentro de um sistema cooperativista como a Unimed, que não vende exclusivamente trabalho médico e tem outras despesas operacionais, esta conscientização é fundamental, pois caso contrário os médicos do sistema continuarão trabalhando para gerar receita para hospitais e produzir lucros para os vendedores de tecnologia e indústria farmacêutica. Finalmente, a CRI tem plena convicção de que a mobilização pela implantação da CBHPM promoverá uma saudável reformulação de todo sistema e removerá a classe médica da letargia de tantos anos, motivando-a a participar na discussão de tantos outros problemas da saúde e medicina em nosso País. FONTE: Comissão Regional de Implantação da CBHPM na Baixada Santista
CBHPM: Comunicado da Baixada Santista
04/05/2004 | 03:00