Moty Benyakar, da Universidad del Salvador, Argentina, anunciou, durante a 16ª Conferência Mundial sobre Bioética, a criação do Centro Internacional de Formação e Intervenção em Guerras e Desastres, sob responsabilidade da Cátedra Internacional de Bioética. A divulgação aconteceu no primeiro dia de atividades da conferência, organizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), no dia 24 de julho, em Brasília (DF).
O Centro visa capacitar profissionais globalmente e oferecer assistência psicossocial em diversas línguas, abordando tanto os impactos imediatos quanto de longo prazo causados por guerras e desastres naturais.
Baseado em sua experiência como psiquiatra que presidiu durante 10 anos a Seção de Trauma e Desastres da Associação Psiquiátrica Mundial, Benyakar justificou a importância da criação do Centro, destacando os desafios que a humanidade enfrenta, como desastres naturais, avanços tecnológicos e a violência humana.
Ele enfatizou a necessidade de uma resposta bioética renovada e ativa para lidar com os impactos psíquicos e sociais dessas situações, argumentando que o centro proporcionará uma estrutura internacional essencial para capacitar profissionais e oferecer assistência eficaz, preservando a dignidade e a subjetividade humana.
“Apenas como exemplo, hoje enfrentamos, segundo o CSIS (Center for Strategic and International Studies), 56 guerras ativas em todo o mundo e 80 milhões de pessoas deslocadas forçadas a migrar para outros países. E uma rápida olhada na história nos revela que continuamos sendo testemunhas de tragédias de magnitude incalculável”, ilustra.
Além disso, conforme apontou em sua palestra, para cada morte ou lesão, há entre 10 e 40 afetados psicossocialmente, que rapidamente se tornam pessoas com deficiência sem a capacidade de reintegrar-se à sociedade. “Os feridos físicos recebem tratamento médico e, geralmente, superam suas lesões parcial ou totalmente. No entanto, os feridos psicossociais não apenas superam em número os feridos físicos, mas suas consequências geralmente duram toda a vida. Devemos considerar os anos perdidos devido a incapacidades e suicídios relacionados com guerras e desastres”, diz.
“Após mais de 40 anos enfrentando situações disruptivas internacionalmente, estou convencido de que esta atividade inovadora e diferente pode ser realizada se contarmos com o apoio profissional e conceitual das organizações pertinentes e com os fundos econômicos internacionais”, disse.
Os passos concretos deste Centro serão, segundo Benyakar: Primeiro, capacitar profissionais em dimensões psicossociais. Segundo, estabelecer uma plataforma digital através da qual se possa oferecer assistência a cada indivíduo afetado, incluindo crianças, adultos e famílias, em seu próprio idioma e levando em consideração suas características culturais e sociais.
Para acompanhar a 16ª Conferência e suas discussões, acesse o site oficial: www.bioethicsbrasilia2024.com