A partir das 0h de amanhã, cerca de 21 mil servidores da saúde do Estado podem entrar em greve, paralisando completamente os ambulatórios e reduzindo para 30% os atendimentos na emergência, enfermarias e UTIs. Os servidores reivindicam uma reposição salarial cujo impacto mensal seria de R$ 14 milhões, mas o governo rejeitou a proposta. A categoria se reúne com o governo, às 9h de hoje, para tentar uma última negociação. Agravando ainda mais a situação do atendimento nas emergências dos hospitais, que sofrem com a superlotação intensificada desde que o Hospital Getúlio Vargas (HGV) foi interditado por conta de rachaduras nas paredes e teto do bloco G da unidade, a reativação da emergência do HGV, marcada para acontecer hoje, foi adiada pela direção do hospital. Segundo o vice-diretor do HGV, Rômulo Gomes, ainda há detalhes técnicos a serem observados antes de abrir novamente o setor. “É muita responsabilidade e exige uma operação de guerra”, declarou. Enquanto isso, nas emergências para onde os casos mais graves estão sendo encaminhados – hospitais da Restauração (HR), Agamenom Magalhães (HAM) e Otávio de Freitas (HOF) – pacientes têm que aguardar horas para serem atendidos – em macas, enquanto aguardam a liberação de leitos, ou em cadeiras improvisadas. Ontem, a falta de macas e a superlotação deixou o serviço sobrecarregado nas emergências. No Hospital Otávio de Freitas (HOF), das 7h às 11h, foram atendidos 166 pacientes, aproximadamente o dobro do que a unidade costuma atender no mesmo intervalo. “Desde a interdição do Getúlio Vargas, a procura por atendimento aumentou muito. O problema é que só foram transferidos para cá cirurgiões, clínicos e ortopedistas enquanto que não veio nenhum anestesista”, disse a chefe de plantão Nancy Ferreira. Segundo ela, é necessário o dobro do número de anestesistas que atuam no hospital para atender a nova demanda. “A tensão é grande. Pode acontecer de os dois únicos anestesistas estarem operando no momento em que chegar um caso grave”, falou. A situação se repetiu no Hospital da Restauração (HR). Entre as 9h do domingo e o mesmo horário de ontem, deram entrada na emergência da unidade 492 pessoas. O pai do motorista Carlos Alberto dos Santos, 49 anos, o aposentado José Antônio dos Santos, 80 anos, chegou à emergência do HR por volta das 2h e, até as 9h, ainda aguardava atendimento no corredor, deitado sobre uma maca. “Ele teve um derrame e está aguardando que uma cama desocupe para ser examinado por um médico”, falou. A falta de leitos fez com que macas de outros hospitais ficassem retidas várias horas. Pacientes que se dirigiram ao HAM também encontraram a unidade superlotada. Além dos 27 leitos de que dispõe o hospital, mais 16 macas extras estavam ocupadas por pessoas que aguardavam atendimento. Segundo o médico de plantão Alexandre Borges, outros pacientes aguardavam também nos corredores da unidade, sentados em cadeiras simples até a liberação de algum leito. Para tentar minimizar a crise no atendimento, profissionais de saúde do HGV continuam sendo transferidos para as outras emergências. Ontem, seis auxiliares de enfermagem e uma enfermeira chegaram no HR para reforçar o atendimento. Segundo a direção do HGV, a reativação da emergência da unidade deve acontecer no próximo sábado, se todos os reparos forem concluídos. Da Assessoria de Imprensa do Cremepe. Com Informações da Folha de Pernambuco. FOTO: Hélia Scheppa (Folha de Pernambuco)
Caos na saúde e ameaça de greve
16/11/2004 | 02:00