Foi realizado sexta-feira, dia 8 de outubro, no interior de São Paulo, o primeiro transplante de medula óssea (TMO) do país que teve como fonte o sangue de cordão umbilical de um doador brasileiro. O país sempre precisou recorrer a amostras de sangue em bancos no exterior. O sangue de cordão umbilical compatível utilizado no transplante foi descoberto há duas semanas entre os 700 cordões armazenados no Banco de Cordão Umbilical do Instituto Nacional do Câncer (Inca) – a primeira unidade pública do país e um dos bancos que compõe a Rede Pública de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário – Brasilcord (leia abaixo) -, que foi inaugurada há quinze dias pelo Ministério da Saúde. O receptor é uma criança de nove anos que desenvolveu leucemia linfóide aguda. Há um ano esse paciente aguardava por um doador compatível. O procedimento foi realizado no Hospital Amaral Carvalho, de Jaú, instituição filantrópica que desde 1996 realiza transplante de medula óssea pelo Sistema Único de Saúde (SUS).O Amaral Carvalho, unidade dedicada ao tratamento do câncer, tem 12 leitos para a realização de TMO. O transplante foi coordenado pelo médico Virgílio Antônio Rensi Couturato. Jaú é uma cidade de 125 mil habitantes situada na região centro-oeste do estado de São Paulo. Brasilcord – A primeira rede de banco público de sangue de cordão umbilical e placentário (Brasilcord) do Brasil foi criada no dia 24 de setembro. Para implantar dez bancos públicos de sangue de cordão umbilical e placentário, o Ministério da Saúde investirá R$ 18 milhões até 2006 (em média, R$ 9 milhões/ano). A meta do Ministério da Saúde é coletar quatro mil cordões umbilicais por ano. No decorrer de cinco anos, toda a diversidade étnica brasileira será coberta com 20 mil amostras. Durante o primeiro ano de funcionamento da rede, o Ministério da Saúde investirá R$ 28 milhões para coletar e manter quatro mil amostras de sangue do cordão umbilical. Nos anos subseqüentes, esse custo cairá para R$ 14 milhões. Quando estiverem em funcionamento, os bancos de sangue de cordão umbilical garantirão que 100% das diversidades biogenéticas dos brasileiros estejam representadas. Isto implica que quase a totalidade dos pacientes poderá encontrar no Brasil doadores compatíveis para a realização de transplante de medula óssea. Atualmente, a demanda por transplante de medula óssea no país é de três mil pacientes por ano. Desse total, 1.100 transplantes são realizados anualmente pelo SUS. Além de aumentar de 35% para 90% a probabilidade de encontrar um doador compatível, o banco de sangue de cordão umbilical brasileiro vai contribuir com a redução de gastos na busca desse doador. Para buscar e obter células de cordão umbilical compatíveis para transplante de medula óssea, o Brasil gasta, em média, U$ 23 mil por cordão. Com a implantação da rede de bancos brasileiros, esse custo será de U$ 2 mil por cordão no primeiro ano de funcionamento da rede. Em função da implantação da Brasilcord, o Ministério da Saúde aumentará o número de leitos para realização de transplantes alogênicos não-aparentados devido ao incremento na oferta de possíveis doadores. Este ano, dois novos serviços de transplante de medula óssea alogênico não-aparentado foram incorporados ao SUS, acrescentando mais sete leitos aos já existentes. Hoje, somados os novos, o país conta com 19 leitos destinados a esse serviço. Fonte: Ministério da Saúde
Brasil realiza transplante inédito com sangue de cordão umbilical
13/10/2004 | 03:00