As entidades médicas do Pará – Sindicato dos Médicos do Estado (Sindmepa), Conselho Regional de Medicina (CRM-PA) e Sociedade Médico Cirúrgica do Estado (SMCP/PA) – aproveitaram o Dia Mundial da Saúde, transcorrido na última quinta-feira, 7 de abril, para fazer uma grande mobilização em frente à sede do CRM-PA. Seguindo uma orientação nacional, os médicos promoveram um ato público como forma de alerta aos planos de saúde, para que os mesmos possam corrigir distorções, como a interferência antiética na autonomia do trabalho médico e os baixos honorários.
O diretor administrativo do Sindmepa, João Gouveia, classificou o movimento como um ‘basta’ à exploração dos planos de saúde. Segundo ele, os honorários médicos, hoje, estão defasados em pelo menos 100%, já que, em média, os planos de saúde pagam um valor de R$ 40 por consulta, quando o ideal seria, pelo menos, R$ 80. De acordo com João Gouveia, nos últimos dez anos, os planos de saúde tiveram reajuste autorizado de 144%, enquanto os honorários médicos, de apenas cerca de 60%. ‘Também queremos que as operadoras de planos de saúde deixem de interferir no trabalho do profissional, porque isso acaba prejudicando o atendimento dos usuários’, explicou, acrescentando que, em todo o Pará, cerca de três mil médicos atendem planos de saúde.
O diretor do Sindmepa disse, ainda, que nos próximos três meses, a Comissão Estadual de Honorários Médicos (CEHM) continuará as negociações junto aos planos de saúde para resolver a questão. No final de junho, acontecerá uma assembleia geral da categoria para deliberar os próximos passos do movimento. ‘Os médicos não podem mais se submeter a esses abusos’, finalizou.
Durante o ato público realizado em frente à sede do CRM-PA, os médicos fizeram o velório simbólico da saúde suplementar, com direito até à urna fúnebre. O presidente da Sociedade Paraense de Cardiologia, Kleber Ponzi, falou sobre a iniciativa. ‘A ideia do caixão é mostrar que, caso continue essa relação tumultuada entre os planos de saúde, os médicos e os usuários, em muitos casos, as coisas podem acabar assim, em morte’, concluiu.
Para a presidente do CRM-PA, Fátima Couceiro, foi a primeira vez que se viu um movimento dessa natureza no país. Ela aproveitou para convocar a categoria para participar, cada vez mais, das mobilizações em prol da categoria. ‘Nenhuma reivindicação vai ter eco se não tiver o apoio total da categoria e da sociedade como um todo’, completou.
Já a presidente da Sociedade Paraense de Pediatria, Amira Figueiras, fez um apelo para que essa especialidade receba mais atenção, uma vez que a situação dos pediatras é das mais preocupantes. ‘A pediatria está passando por um momento muito difícil. Não há hospitais suficientes e os colegas estão sendo obrigados a fechar seus consultórios, por conta da falta de valorização profissional’, observou.
Quem também clamou por isso foi a médica Carmem Leal, que fez questão de participar do protesto. ‘Infelizmente, o médico, como a maioria dos profissionais, não tem privilégio nenhum no sentido do pagamento das suas contas e desepesas. Embora os honorários atrasem, as nossas contas chegam sempre em dia. Por isso, não podemos nos calar diante dos abusos cometidos pelos planos de saúde, dos quais um dos mais graves é justamente o atraso nos pagamentos dos honorários’, lamentou.
Fonte: Sindmepa