Atendimento médico a mais de 300 pessoas por dia não é sinônimo de qualidade na saúde pública. O alerta é do diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina, médico rondoniense Hiran Gallo, depois de analisar a divulgação de números de atendimento na saúde pública como referência de melhoria na qualidade do sistema de saúde. Mesmo divido entre as diversas atribuições como tesoureiro do CFM e os compromissos com seu consultório, Hiran Gallo fez questão de acompanhar a fiscalização realizada pelo Conselho regional de medicina de Rondônia (Cremero) às três policlínicas de Porto Velho no último dia 15. Para o médico, além das péssimas condições de trabalho, falta médicos nas unidades públicas de saúde. E isso, acentua, é perigoso tanto para o paciente quanto para o médico, que no afã de atender todos os pacientes, em tempo recorde, pode incorrer em erro grave. “É humanamente impossível um médico atender 98 pacientes em apenas 12 horas”, ressalta. Mais que o baixo salário, Hiran Gallo diz que a falta de condições de trabalho e de segurança é o que afastam os médicos do serviço público. “As unidades de saúde têm que se adequar às normas da vigilância sanitária. Em muitos postos falta a cultura da higiene, principalmente quando se trata de banheiros. Há médicos trabalhando em situações insalubres” adverte. O número elevado de atendimentos por cada médico, segundo Hiran, é a prova de que a população não tem uma assistência médica de qualidade. “Isso é preocupante e merece total atenção dos gestores públicos. O prefeito está imbuído de bons propósitos, é uma pessoa cortês que perece querer acertar, mas tem que se cercar de pessoas compromissadas com o bem público”, acentuou. Na qualidade de conselheiro federal pelo Conselho Regional de Medicina de Rondônia, Hiran diz que o Cremero está predisposto a ajudar, no que for possível, a melhorar a saúde pública, assim como aconteceu na parceria com o Governo para a construção das novas instalações do Hospital João Paulo II. “Não temos primazia por legendas, nosso partido é a saúde e por isso que trabalhamos”. No tocante às reivindicações dos profissionais, Hiran Gallo defendeu as melhorias e disse que apóia a causa, mas frisou que o profissional médico deve priorizar a vida e a saúde. Segundo ele, por a questão financeira à frente de tudo é o pior erro que o médico pode cometer. “Para ser médico tem que gostar de gente, não se pode priorizar a questão financeira. Há médicos que não têm compromisso com o povo, mas isso existe em toda profissão, não pode ser generalizado”. Hiran Gallo faz um alerta também para a questão dos servidores que trabalham diretamente em ambulatórios e locais onde há armazenamento de vacinas e medicamentos. Ele explica que essas pessoas têm que, no mínimo, ter conhecimento técnico da área médica. “Há pessoas desqualificadas em postos de saúde, ocupando diretorias e cargos de confiança. Geralmente isso acontece em decorrência de acordos partidários. Questões partidárias não podem se sobrepor à saúde e o bem-estar da população”, finaliza. Fonte: Cremero
Atendimento recorde na saúde não é sinônimo de qualidade, afirma Hiran Gallo
25/07/2008 | 03:00