No início de março, o ministro da Saúde, Saraiva Felipe, recebeu uma comitiva da Associação Brasileira de Psiquiatria, em Brasília, para discutir a necessidade da Reforma do Modelo Assistencial Psiquiátrico. O encontro foi resultado da carta pública enviada pela ABP, em 30 de agosto de 2005, que traçava o cenário da reforma no Brasil e suas conseqüências, e também sugeria a adoção imediata de uma agenda propositiva e a real abertura do diálogo entre a Associação, o Ministério da Saúde, as Associações de Familiares e os gestores de saúde. Durante a audiência, o presidente da ABP, Josimar França, esclareceu que os psiquiatras não são contra ou a favor do fechamento de leitos, mas sim da assistência como um todo. “A rede substitutiva não é suficiente. Defendemos uma rede mais ampla, com alternativas e que garanta assistência de qualidade para nossa demanda, com base em estudos epidemiológicos.” Por sua vez, o ministro reconheceu falhas no modelo de transição adotado. “A humanização do atendimento vem esbarrando em dificuldades na implementação da rede, e as considerações da ABP serão levadas à Coordenadoria Nacional de Saúde Mental do Ministério. É disso que precisamos: apoio, colaboração e até mesmo cobrança”, afirmou Saraiva Felipe. Temas como o Programa Nacional de Avaliação de Serviços Hospitalares em Psiquiatria, aplicado sem critérios técnicos, segundo a comitiva; o Programa de Saúde da Família; políticas públicas relacionadas à dependência química; estudos epidemiológicos e políticas baseadas em evidências clínicas foram bem recebidos pelo ministro, que ressaltou a importância da ABP nessas discussões. “Nosso Ministério vem retomando o diálogo com as entidades médicas e aposto nessa aproximação como fator determinante no ajuste de nosso trabalho e colaboração mútua.” O presidente da ABP defendeu, ainda, parcerias para a realização de campanhas educativas. “A saúde mental merece mais espaço em campanhas patrocinadas pelo Ministério da Saúde, levando informações mais claras e de credibilidade para a comunidade sobre os transtornos mentais e, principalmente, minimizando o estigma contra os doentes mentais e seus familiares.” Para Josimar França, a audiência teve saldo positivo. “Foi possível apresentar claramente nosso posicionamento. Criamos expectativas após um compromisso de retorno assumido pelo ministro. Vamos produzir uma proposta de trabalho, aguardar e cobrar o início dessa ação conjunta”, concluiu. Leia a matéria publicada no Jornal Medicina nº 157 sobre a carta pública encaminhada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) para o Ministério da Saúde. Fonte: Assessoria de Imprensa da ABP
Associação de Psiquiatria e Ministério da Saúde iniciam diálogo
16/03/2006 | 03:00